«Poderia definir-se o sentido de possibilidade como aquela capacidade de pensar tudo aquilo que também poderia ser e de não dar mais importância àquilo que é do que àquilo que não é. Como se vê, as consequências desta disposição criadora podem ser notáveis; infelizmente, não é raro que façam aparecer como falso aquilo que as pessoas admiram e como lícito aquilo que elas proíbem, ou então as duas coisas como sendo indiferentes. Esses homens do possível vivem, como se costuma dizer, numa trama mais subtil, numa teia de névoa, fantasia, sonhos e conjuntivos; se uma criança mostra tendências destas, acaba-se firmemente com elas, e diz-se que tais pessoas são visionários, sonhadores, fracos, gente que tudo julga saber melhor e em tudo põe defeito.Quando se quer elogiar estes loucos, chama-se-lhes também idealistas, mas é claro que com isso só se alude à sua natureza débil, incapaz de compreender a realidade, ou que a evita por melancolia, uma natureza na qual a falta do sentido de realidade é um verdadeiro defeito. [...]
É a realidade que desperta a possibilidade, e nada seria mais errado do que negar isso. E no entanto, no cômputo global ou em média, as possibilidades serão sempre as mesmas até aparecer alguém para quem uma coisa real não é mais importante do que uma imaginária. É ele que dará às novas possibilidades o seu sentido e a sua finalidade, é ele que as desperta.»
Robert Musil, in «O Homem sem Qualidades»
Nota : esta “postagem” é dedicada a Tod@s e a Cada Um(a) que assistiram, ontem, na RTP/Açores a uma “coisa” que, em tempo de Campanha Eleitoral, pretendia ser uma espécie de debate, e que demonstrou, feliz e cabalmente, e para quem tivesse quaisquer dúvidas, a qualidade da Democracia vivenciada na Região Autónoma dos Açores.
Para quem, ainda e agora, possa ter quaisquer indecisões, eu, pela minha parte, por causa DISTO, votaria em Zuraida Soares, porque tenho a certeza que : nos Açores, o Bloco Faz Falta !!!
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1 comentário:
Decididamente, o mal parece estar nas maiorias absolutas, tendencialmente autoritárias e bloqueadoras dos direitos das minorias, políticas, sociais ou outras. O exemplo mais paradigmático é o da Madeira do Jardim: até a histriónica personalidade deste foi muito moldada, estou certo, pela aberrante situação autocrática que aí se foi desenvolvendo, à revelia dos mais elementares princípios democráticos.
Agora a acusação vira-se para os Açores de César. Acabo de ver na televisão a Berta Cabral (a tal ‘pseudo-poeta’ de há uns tempos atrás) a clamar contra o autoritarismo do César, afirmando que nos Açores não há verdadeira democracia. Pelos vistos assim parece ser, mas vindo de quem vem, dá mesmo vontade de rir. Afinal o principal exemplo de falta de democracia têm-no dentro de casa, escusam de procurar muito.
(...e os casos de Cavaco e Sócrates também ajudam a compor esta tese.)
Por isso, lá que era importante que a opinião e a vontade dos açoreanos começasse a diversificar-se, lá isso era. Vamos ver o que é que os resultados de domingo trazem. Espero que o vosso trabalho dê frutos.
Mais uma vez, boa sorte.
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