segunda-feira, 31 de maio de 2010

"A austeridade conduz ao desastre"


Joseph Stiglitz é conhecido pela sua postura crítica sobre as principais instituições financeiras internacionais, o pensamento único, a globalização e o monetarismo.
Numa entrevista ao jornal francês Le Monde, falou sobre a sua análise da crise do euro
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(Via : www.esquerda.net )

domingo, 30 de maio de 2010

Afinal, é tão fácil apanhar um mentiroso …


Segundo o Público de hoje, o gabinete de José Sócrates divulgou uma nota – devidamente replicada pela imprensa - informando que Chico Buarque pretendia conhecer o primeiro ministro de Portugal, aquando da visita deste ao Brasil.
E, para o efeito, lá se deslocou José Sócrates a casa de Chico Buarque;
registe-se que : devidamente acompanhado de um fotógrafo para registar o “boneco” para a posteridade …
Porém, Chico Buarque desmentiu de forma clara, categórica e inequívoca o primeiro ministro de Portugal.
Afinal, fora José Socrates que pretendera conhecer Chico Buarque.
Enfim, mais uma trapalhada, uma das múltiplas e variadas trapalhadas desta inefável criatura que, ainda e agora, é primeiro ministro de Portugal.
Enfim, lá reza o ditado que : é mais fácil apanhar um mentiroso ...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Modelos económicos, ausência de política – II

Entre as opções de mercado e as opções políticas – onde fica a democracia?

Assiste-se hoje à imposição mediática de um ‘pensamento único’ globalizado, em torno de uma pressuposta inevitabilidade (?) do mercado – deste modo arvorado em intocável eminência sagrada dos nossos dias – por pretensa ausência de uma alternativa social (credível, acrescentam). Tal não obsta, contudo, ao persistente desenvolvimento histórico de duas formas principais de encarar a condução das sociedades:

· de um lado, hegemónicos e esmagadores, os que afirmam o predomínio absoluto do mercado enquanto mecanismo automático de regulação económica, portanto, neutro relativamente aos diferentes interesses em presença, carecendo, em consequência, de ‘rédea solta’ para poder manifestar toda a sua eficácia e isenção (!);
· do outro, ultraminoritários e muito dispersos, os que, face aos resultados actuais, defendem a necessidade de uma alternativa social global ao domínio do mercado, a começar pela aceitação do princípio básico que deve enformar as sociedades, da subordinação da economia – logo, do mercadoà política, e não o contrário, como acontece hoje. Que se expressam de múltiplas maneiras, ainda que sem um rumo muito definido: da ‘economia social’ à ‘economia sustentável’, das teorias ecológicas às teorias do decrescimento económico ou do pós-desenvolvimento, ou ainda às várias correntes marxistas, altermundialistas,...

É certo que nem o mais liberal dos prosélitos do predomínio do mercado se atreve, hoje, a defender a sua total liberalização, prescindindo de alguma ‘regulamentação deste regulador’ (?), afinal a opção por uma maior ou menor regulação é que posiciona o espectro político actual, da direita à esquerda dita socialista (ou social-democrata) – todos coligados na defesa do que já se designa por ‘nova economia de mercado’ (!), a da fase do hipercapitalismo (pelo domínio global e absoluto). A realidade, porém, vem demonstrando as dificuldades ou mesmo a impossibilidade de se colocarem travões a tal mecanismo, de se conseguir, desde logo e para além de todas as pias declarações em contrário, que um modelo económico baseado no mercado possa actuar subordinado ao poder político.

Ainda que involuntariamente, isso mesmo acaba de ser reconhecido pela líder do principal país da UE. Perante o agravamento da instabilidade financeira e depois das promessas não cumpridas feitas há quase dois anos no mais aceso do calor da crise, Angela Merkel lembrou agora, numa conferência sobre regulação financeira, o que então foi proclamado pelos líderes do G-20 sobre a necessidade de reforma da regulação e supervisão. E acrescenta (não sem algum cinismo): ‘As pessoas questionam-se: que poderes ainda têm os políticos?’ Eis, de facto, a questão essencial... para a qual ‘estaUE não tem capacidade de resposta!

Nem podia ter no quadro actual. A aposta crescente num suposto ‘mercado regulado’, surge como uma terceira via entre o liberalismo puro (ou selvagem) e o intervencionismo estatal duro (ou totalitário), ou seja, a tentativa de se estabelecer um controlo indirecto através de uma pretensa regulação independente. Esta alternativa acredita na existência de leis económicas naturais idênticas às leis da física, cabendo aos especialistas a tarefa de as interpretarem e aplicarem à realidade social, e aos reguladores o papel de corrigirem as designadas ‘falhas do mercado’. A política é substituída pela técnica (a dos especialistas e a dos reguladores) e ela própria reduzida a mera técnica na aplicação destas pretensas leis naturais.

Ora, a solução para os problemas do mercado não passa apenas pela sua regulação técnica, mas pelo seu controle essencialmente político, ou seja, pela capacidade que a sociedade conseguir demonstrar em dotar este nível – a política – dos instrumentos adequados de supremacia sobre a economia e não o contrário, como acontece hoje. Insistir apenas na via de regulação do mercado, significa a aceitação implícita, ao arrepio do que teoricamente todos apregoam, da supremacia do económico, por via do mercado, sobre o político – em última análise, do predomínio dos interesses privados sobre o interesse geral ou público.

A avaliar pelas muitas ‘desordens’ que grassam no mundo – do descontrolado terrorismo às obscenas desigualdades sociais,... – a organização social que as segrega (e de que se alimenta) não é, não deve, não pode continuar a ser um “modelo” de sociedade! Mas pretender substituí-lo por um outro baseado na forma ou dimensão das empresas é, no mínimo, despropositado e limitativo do que realmente deve ser considerado um modelo económico.

As mudanças exigidas – e inevitáveis! – dificilmente se resumirão, reafirma-se, à opção pela dimensão das empresas ou dos empreendimentos, entre o apoio às ‘grandes obras públicas’ ou às ‘PME’s’ – elas têm de ser bem mais profundas! Enquanto isso, vão perdurando e fazendo o seu caminho tais equívocos,... encobrindo o alcance real dos verdadeiros pressupostos!

Uns vão bem e outros mal; porque será ???

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O(s) Bandalho(s) ...


"Haverá sempre um grupo de bandalhos que
causa o opróbrio a uma nação;
mas alevantar-se-á contra ele uma minoria de homens de bem.
Serão estes, talvez, injuriados;
nunca serão escarnecidos pelo futuro."

( Alexandre Herculano, in Opúsculos )

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Modelos económicos, ausência de política

I - Equívocos e pressupostos

De forma recorrente, o tema vem à baila. De forma mais insistente agora, com a discussão do PEC (depois de revisto e muito aumentado!). A propósito das designadas ‘grandes opções económicas’ nele contidas – a opção essencial, de natureza política, é a de saber quem irá pagar a factura da crise provocada por um capitalismo desgovernado/desregulado! – invariavelmente as posições tanto do PSD como do CDS/PP, acolitadas pela do esfíngico Presidente, questionam o ‘modelo económico’ seguido pelo governo do PS. Fazem-no, contudo, desfocando o problema do essencial, resvalam para uma vertente que, no mínimo, lhe é lateral. Ao pretenderem contrapor a sua política à do Governo, procurando demonstrar que o ‘modelo económico’ proposto por este é errado, acentuam que a tónica se centra nas grandes obras públicas – e no investimento do Estado – ao invés de sê-lo nas Pequenas e Médias Empresas – e no investimento privado!!!

Havendo aqui uma aparência de verdade (essencial para tornar credível a mensagem), subsiste, contudo, uma grande confusão em tudo isto, a que a política económica do próprio governo PS (e da social-democracia em geral) não é alheia. Porque ao privilegiar os mecanismos do mercado (com mais ou menos regulação, conforme o momento assim o ‘aconselhe’ ou ‘exija’), a gestão política de uma significativa ‘carteira de obras públicas’ (destinada, em última análise, a ser satisfeita pelos privados do mercado), tem aberto historicamente a porta a relações de promiscuidade e de favores duvidosos, de que a corrupção é a sua face mais visível. Ainda que isso de modo algum seja específico deste Governo – em regra, ‘a esfera pública tende a parecer um mercado político em que se exerce a concorrência sem peias dos interesses particulares’, lê-se em recente título de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy (‘A Cultura-Mundo’) – o certo é que, com o PS, é a esquerda toda que, sobretudo neste domínio específico, ‘parece’ contaminada pela sua acção!

Mas isto, apesar da sua inquestionável importância, serve apenas para desviar as atenções do essencial que deve ser analisado quando se fala em ‘modelo económico’, pela influência deste no desenvolvimento e bem-estar das sociedades. É privilegiar neste debate a forma em detrimento do conteúdo. Até porque as duas opções não são incompatíveis, muito menos excludentes. Coexistem qualquer que seja o modelo. Porque um ‘modelo económico’, base para o desenvolvimento, define-se pelas grandes linhas políticas (sempre, mesmo quando o não parece) que orientam a actividade produtiva do país, quer a nível da fixação das suas áreas e prioridades de actuação, como em termos da repartição da riqueza gerada – neste sentido, a dimensão das empresas não passa de mera estratégia ou meio para se atingirem objectivos, esses sim precisamente estabelecidos por um autêntico modelo económico!

Percebe-se a intenção da direita nesta questão, a discussão está longe de ser meramente semântica. Porque ela esconde a verdadeira razão que leva os partidos dessa ala política a desencadeá-la – sem a designarem pelo verdadeiro nome. O que está em causa é o ataque ao papel que os poderes públicos, expresso num governo político legitimado, deve desempenhar no controle e desenvolvimento da economia (essencial ao bom desempenho das funções sociais), é a desvalorização das funções económicas do Estado em benefício de uma pretensa liberdade económica dos particulares. O que se pretende, no fim de contas, é varrer a política da economia, deixando a organização desta inteiramente entregue e dependente do ‘livre jogo do mercado’, o mesmo é dizer, dos interesses privados, tidos pela ideologia liberal como mais eficientes (logo, também menos corruptos ou passíveis de o ser) na gestão económica.

Estes os pressupostos políticos que se pretendem dissimular por trás de conceitos (aparentemente) técnicos, no mínimo equívocos. A realidade social, porém, mais que todas as concepções ou polémicas, se encarregará de esclarecer e ditar os contornos do modelo económico do futuro. Mas uma coisa pode desde já adiantar-se: dificilmente o essencial desse modelo incidirá sobre a falsa opção entre ‘grandes obras públicas’ e PME’s!
(...)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O discurso ‘patriótico’ de ataque à crise

Temosque mudar radicalmente de vida. O “nosso” nível de vida vai baixar por uns tempos’. Palavras proferidas pelo Presidente da Caixa Geral de Depósitos em recente reunião de banqueiros, sintetizando, aliás, o consenso geral estabelecido entre tão selecta assembleia.

Esta súbita ânsia de ‘colectivização’ revelada pelo conjunto de comentadores que a toda a hora se pronunciam sobre ‘as duras mas inevitáveis’ (!) medidas internas para reduzir a pressão dos ‘mercados’ devido ao risco da dívida da República – amalgamando interesses, caldeando dificuldades, coligando necessidades, confundindo as obscenas remunerações de banqueiros e outros gestores, com o salário médio dos portugueses – visa um propósito, mas é totalmente destituída de objectividade.

Que sentido faz, com efeito, para o português médio – cujo salário ronda os 850€ mensais! – coligar-se com Faria de Oliveira, o autor da frase, ou com o mais badalado António Mexia, numa cruzada pela salvação da Pátria (!), quando o rendimento destes vale largas dezenas (nalguns casos centenas) daquele salário?

Porque é que, por estas alturas, surge sempre o discurso ‘patriótico’ do toque a reunir por parte dos comentadores do costume, que obriga os mais pobres a fazer sacrifícios e os mais ricos a abdicar, quando muito, de alguma futilidade, porventura de menos uma aplicação financeira em qualquer ‘off-shore’?

A confusão deliberada com que os ‘nossos comentadores nos querem convencer da necessidade de medidas que pesam no bolso da maioria do costume, mas apenas belisca a minoria de sempre, serve só e bem os interesses desta!

Piores que os comentadores, só mesmo os especialistas financeiros (economistas e outros), sempre a debitar palpites, a traçar diagnósticos, a ditar receitas. Que, afinal, se resumem à velha solução do mais ‘celebrado’ especialista financeiro que o país teve (e teve-o por mais de 40 anos!), prestidigitador de fancaria, com fama de saneador mas ganha à custa da habilidade manhosa do corte para metade das remunerações dos funcionários públicos!!! O ex-ministro das finanças de Cavaco, Eduardo Catroga, é o mais recente farsante da molhada dos que, agora, advogam o recurso a idênticas mezinhas, sugerindo cortes nos rendimentos dos ‘outros’ – os deles há muito que os têm bem seguros! – como solução milagreira (!) para o aperto actual.

É isso. Quando a política é dominada por especialistas...

Helena Pinto: "quantos pobres cabem num submarino?"

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Especuladores à solta …


Quando rebentou a crise financeira, ouvimos promessas de reformas.
“Nada vai ficar como dantes”, repetiam Obama, Angela Merkel, Sócrates ou Durão Barroso.
Dois anos depois, vemos que era tudo mentira : os especuladores nunca tiveram tanto poder como agora.
Nos últimos meses, o seu alvo tem sido o euro.
Como a bolsa anda mal, os especuladores apostam na desvalorização da moeda única através do ataque à dívida pública dos países mais vulneráveis.
Quanto maior for o risco de bancarrota do país, mais se valorizam os seguros da dívida detidos pelos especuladores.
A Grécia foi primeiro, Portugal está agora sob ataque. Mas os governos que se queixam dos especuladores devem ser os primeiros acusados.
Foram eles que deram liberdade de acção aos abutres do mercado.
A Europa liberal envelheceu obcecada com a moeda única.
Agora, com o euro em risco de ruína, fica à vista que o “europeísmo” dos negócios gez da União Europeia um projecto anémico e dominado pelo egoísmo das elites de cada país.
É necessária uma resposta coordenada da União Europeia e a criação de mecanismos de solidariedade entre os países-membros.
A principal potência económica, a Alemanha, domina hoje o Banco Central Europeu em nome do controlo da inflacção.
Esta prioridade é errada e tem alimentado a crise.
É absurda a situação criada nesta crise financeira, os Estados financiaram os bancos privados com juros baixos.
Depois, os mesmos Estados foram pedir dinheiro emprestado, a juros altos, aos mesmos bancos que antes salvaram.
Para desarmar os mercados especulativos, a Europa deve criar uma agência de notação pública e independente, que avalie as finanças públicas com rigor e transparência.
E o Banco Central Europeu deve poder financiar os Estados, em vez de os deixar à mercê dos tubarões da alta finança.
Entretanto, e até ver, os especuladores continuam à solta ...

(Via : Jornal do Bloco)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Selecção do BES/Carlos Queirós ...


A Selecção do BES/Carlos Queirós lá está, na Covilhã, a preparar a campanha Sul-Africana …
A mim, pouco me importa a pusilanimidade decisória de Carlos Queirós quanto à Selecção de Portugal.
Não me interessa, tão pouco me apoquenta.
Tenho o meu próprio “feeling”; vai ser um desastre …
Entretanto, Carlos Queirós, em entrevista, lá adiantou que :
“a Costa do Marfim é grande candidata às meias-finais”
Ora, como no Grupo de Portugal, e para além da Costa do Marfim, também consta o Brasil, considerando o “feeling” do Seleccionador, a Selecção do BES/Carlos Queirós, e na melhor das hipóteses, pode(rá) ter o terceiro lugar mais que garantido …
Nada mau para um dos mais bem pagos Treinadores de Selecção que, para mim, e até prova em contrário, será indiscutivelmente o melhor Treinador do Mundo e arredores...
Adjunto, treinador-adjunto, claro !!!
É obra !!!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Mentiroso !!!


Deambulei, desde 30 de Abril e durante alguns dias, algures e pelos Estados Unidos da América, e desliguei-me - propositadamente – de Portugal ... e Portugal desligou-se de mim; excepção, claro, a tudo quanto se passava com o Benfica que, e no entretanto, virou o que deve ser : Campeão !!!
Regressado, e retomando a (minha) normalidade, não sou surpreendido; bem pelo contrário …
O Socialismo, ou melhor: este “socialismo” e com este PS, não tem, continua a não ter como valor estruturante a igualdade.
José Sócrates, com o seu (dele) “socialismo moderno”, esqueceu deliberada, propositada e definitivamente os humilhados e ofendidos …
E, se dúvidas houvesse, bastou ver/escutar José Sócrates, ao seu melhor nível, monocórdico, nesta entrevista/propaganda na RTP.
Tudo é ruim com este Sócrates.
Tudo é mau com este Sócrates; é o inglês, o espanhol, o tango, as casas, as promessas, as contas, etc, etc, etc ...
E para além do mais, e o que é grave, José Sócrates é um grande mentiroso !!!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia e Transfobia


Hoje, decorrem dezassete anos em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu retirar a homossexualidade da lista de doenças mentais.
Foi, seguramente, uma data histórica que convém registar e comemorar.
Hoje, 17 de Maio, pode(rá) ser uma data histórica para a luta dos direitos de todos os homossexuais Portugueses, isto se Cavaco Silva tiver a coragem de promulgar a lei aprovada em Fevereiro que permite o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Será que Cavaco Silva, pela beatitude que se lhe (re)conhece, o fará ?
Mais logo, depois das 20h15m, já o saberemos …
Eu, por mim, não tenho grande(s) esperança(s) …
Oxalá, e desta feita, esteja enganado em relação a Cavaco !!!


Em tempo : tenho que ser justo. Desta feita, no que concerne a esta matéria, e pese a "redonda" argumentação de Cavaco, enganei-me;
ou melhor : fui enganado por Cavaco !!!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Objectivas manipulações, mercados isentos... – a religião da extorsão

A liturgia do mercado evidenciou, nos últimos dias, uma agitação invulgar. Tanto fervor é bem capaz de pôr em causa as suas próprias estruturas. A ‘Crise’ de que todos falam – mas que ainda só tocou alguns (nomeadamente os desempregados) – trouxe já algumas novidades com impacto geral, por via das alterações introduzidas nas rotinas informativas a que ‘voluntariamente’ nos sujeitamos. Sucedem-se os comentários, as notícias, os debates sobre a dita, num tal frenesim mediático que traz os envolvidos num autêntico virote, saltitando de estação em estação, desdobrando-se em declarações e pareceres, invariavelmente apresentados como ‘rigorosamente técnicos’!!! Contudo, neste mundo pretensamente avesso a qualquer ponta de ideologia (?), a regra é a contradita, os volte-faces noticiosos sucedem-se com inusitada frequência, na área financeira, económica ou política, o que hoje se afirma como verdade, amanhã confirma-se como... mentira!

O último mês tem sido, deste ponto de vista, verdadeiramente paradigmático. Ficará conhecido, porventura, como o mês dos ‘ataques especulativos dos mercados ao Euro’, desencadeados a partir do seu há muito sinalizado elo mais fraco, a Grécia, continuados nas restantes tradicionais frágeis economias do Sul da Europa, primeiro Portugal, depois a Espanha, para mais tarde perfila-se então a Itália – os famigerados PIGS, na depreciativa gíria de quantos gravitam em torno do que, em termos respeitosamente religiosos (por temor da punição divina), se designa por... mercados! Por trás da aparente (misteriosa!) objectividade dos movimentos dos mercados, porém, vislumbram-se de forma cada vez mais nítida os reais interesses e maquinações dos verdadeiros acólitos desta – mais uma – sinistra religião!

Ao que parece, de acordo com o relato da Visão desta semana (6 de Maio/10), numa operação devidamente planeada (palavra proscrita da terminologia neoliberal), em Fevereiro deste ano, terá havido um jantar, em Manhattan, ‘onde vários especuladores concertaram estratégias para fazer cair a pique o euro’. Entre os promotores, encontrava-se Steven Cohen, fundador da SAC Capital Advisers (mais um ‘hedge fund’), que junta à fama de especulador e de coleccionador de arte, a de filantropo e homem de muita caridade junto dos pobres de Nova Iorque(!) – descarada forma de manipulação feita, objectivamente, à conta da obscena extorsão dos trabalhadores dos países sujeitos à acção especulativa, pois são eles, em última análise, a pagar sempre a factura final das aventuras destas vampirescas criaturas sedentas de sangue (a imagem faz o seu curso, mesmo entre os mais indefectíveis sequazes do mercado)!

A história atribulada destes dias é por demais conhecida, os seus resultados também: o sucesso de especuladores como Steven Cohen, irá traduzir-se, nos próximos tempos, no agravamento das condições de vida dos trabalhadores gregos, portugueses, espanhóis,... A estratégia delineada no referido jantar de Manhattan contou certamente com as hesitações e a falta de concertação política dos países que constituem a UE, seus aliados objectivos. Durante longos dias assistiu-se aos sucessivos ataques orquestrados pelas agências de ‘rating’. Até ao último fim-de-semana, quando os líderes da UE chegaram a acordo para a constituição de um fundo de emergência para apoio aos países em dificuldades financeiras, no valor astronómico de 750 mil milhões de euros! Os ‘mercados bolsistas’ reagiram em conformidade, impulsionando os títulos das Bolsas Europeias (e por arrasto, as de outros pontos do Globo), para máximos de 2 anos. Parecia afastada, finalmente, a ameaça de erosão contínua das economias mais frágeis da zona euro sujeitas – por efeito da sua própria vulnerabilidade, acrescida da decretada pelas agências de ‘rating’ – a esses ataques especulativos.

Pura ilusão! A Moody’s depressa se encarregou de fazer regressar tudo ‘à normalidade’. Ainda os títulos bolsistas negociavam em forte alta e já esta peça-chave da especulação anunciava a intenção (?) de, dentro de três meses (??), poder vir a reduzir a notação do País (???). E a Bolsa, mais uma vez, reagiu em conformidade, desvalorizando fortemente. Os analistas explicarão depois que, tecnicamente, a Bolsa apenas ‘corrigiu dos fortes ganhos do dia anterior’!

Certo é que, neste sobe e desce aparentemente desgovernado, entre a alta forte e a forte queda, uns poucos ganham muitos milhões, os muitos milhões arredados deste selectivo ‘jogo’ nele perdem os seus magros tostões. Não por culpa própria, mas por múltiplas responsabilidades alheias. Mas com isso se vai erodindo, ainda que sem o pretender, a própria base de que se alimenta, no final, a especulação!

domingo, 9 de maio de 2010

Campeões !!!


Estou, desde 30 de Abril, por aqui, nos EUA.
Assim, e por isso, acompanhei estas últimas duas jornadas da Liga à "distância"...
Hoje, após o apito final do arbitro, fui festejar; para a rua, aqui, em Fall River, onde me encontro e se não visse - com os meus próprios olhos – não acreditava, tal a festa que, por aqui, se fez com vista à comemoração do 32º. Campeonato.
É, assim, a grandeza do BENFICA !!!

sábado, 8 de maio de 2010

Nos últimos dias, o verdadeiro ‘momento’ do capitalismo

Nos últimos dias vem-se assistindo à mobilização de todo o aparato litúrgico do ‘mercado’ – numa operação equivalente à da ‘viagem do Papa a Fátima’ – contra o que se considera ser o sacrilégio da intromissão do Estado na economia, por via das designadas ‘Grandes Obras Públicas’. Feita, claro, em nome do saneamento financeiro do País, para não agravar a dívida pública, por estes dias objecto de enorme exploração especulativa (e não menos mediática). Cumpre-se a interminável ‘Via Sacra’ dos sempre inevitáveis comentários de políticos, advogados, jornalistas e outros colunistas, dos sempre fundamentados pareceres de economistas, arquitectos, empreiteiros e demais engenheiros, do sempre esfíngico presidente e até do eterno putativo ‘rei’, todos perorando para além do que a respectiva formação ou experiência recomendaria em tal causa, de repente investidos pelos media no sacrossanto papel de especialistas na matéria.

Não que a opinião de todos e de cada um não possa – não deva – ser exposta, mas desde que o seja apenas enquanto... opinião. Pretende-se, contudo, fazer passar a ideia de se tratar de apreciações meramente técnicas que não admitem alternativa... técnica - qualquer outra solução só por razões ideológicas ou políticas. Mas é mesmo de opções políticas que aqui se trata, mais que de opções técnicas, ainda que estas apareçam agora envoltas em piedosas intenções sobre o não agravamento da despesa e da dívida pública, procurando-se assim desviar as atenções do essencial, o de servirem o objectivo de se concluir o desmantelamento do Modelo Social – que passa, desde logo, pela retirada completa do Estado da vida económica. Quando o principal problema do país dos últimos 10 anos (responsável em boa parte pelo elevado déficit das contas públicas) se centra no crescimento económico – no âmbito das prioridades definidas pelo próprio sistema – na ausência de investimento privado capaz de relançar a actividade produtiva vir contestar-se qualquer esforço público nesse sentido, parece, no mínimo descabido. Mas isso já daria pano para outros lençóis...

Nos últimos dias acentuou-se ainda mais a percepção de que sobre nós paira – e impera – essa entidade misteriosa e dominadora, omnipresente e implacável, quase asfixiante no condicionamento de todas as decisões da vida colectiva (‘sedenta de sangue’, ouviu-se até...): ‘os mercados’! ‘O mercado é soberano’, ‘os mercados gostam’ (ou ‘não gostam’!), ‘o mercado teme’..., são algumas das expressões antropomórficas com que se tenta pintar uma realidade que parece completamente fora do controle das autoridades públicas. Entregues a essa entidade abstracta, com poderes de divindade justiceira, as sociedades perderam qualquer capacidade democrática de decidirem sobre os seus destinos e o dos seus povos.

Por trás dessa entidade abstracta, é certo, perfila-se toda uma plêiade de sociedades, fundações e demais organizações, suportada por uma misteriosa cáfila de analistas e gestores, homens sem rosto, acólitos de uma tão estranha quanto perniciosa liturgia, sem se saber muito bem onde acabam os poderes da divindade e começam as malfeitorias dos seus serventuários. Qualquer veleidade de controle democrático destas instâncias, esbarra na arrogância de um discurso ideológico arvorado em ‘Tábuas da Lei’ da actualidade, de uma lei refutada de forma categórica pelos irredutíveis acontecimentos da ‘Crise’. Passado o susto inicial, porém, tudo parece retornar à normalidade imposta por esse moderno ‘bezerro de ouro’!

Bem elucidativa a explicação, adiantada até por fervorosos acólitos domésticos desse aparato litúrgico, de que o arrastar dos pés’ da Srª Merkel na questão da Grécia, se deveu ao medo de contrariar o povo – a votos numa eleição regional! É isso: o que conta é o interesse imediato, o mais importante é o próximo acontecimento, o receio de uma eventual derrota nas eleições. Sobrepõe-se a vantagem imediata vislumbrada no momento presente a todos os efeitos negativos que a manutenção da actual vaga especulativa sobre alguns dos membros do Euro, inevitavelmente, implicará também para a Alemanha,... a mais longo prazo!

Os últimos dias acabaram, pois, por evidenciar, se dúvidas havia, a verdadeira natureza deste sistema: a primazia do interesse imediato (o lucro, por ex.)! Porque o capitalismo é isto: vive do momento, não olha para o futuro. Como mais uma vez ficou comprovado: das ‘obras públicas’ que visam preparar o futuro (a discussão sobre a bondade intrínseca de cada uma delas encontra-se inquinada desde o início), ao deliberado arrastar da solução para a Grécia.

Porque, verdadeiramente, o futuro (longínquo) não interessa ao capitalismo, só o instanteo momento – conta: tanto na política, como na economia, como no ambiente,... Porque é este, afinal, o verdadeiro pasto da especulação – e o 'ambiente' mais propício aos predadores que nela se (e a) suportam.