domingo, 31 de maio de 2009

O automóvel, o mercado, as crises e as Europeias

II – A crise no mercado do automóvel

Um dos sectores mais afectados pela crise é o do ‘automóvel’, com forte impacto nas actividades que à sua volta gravitam e dele dependem (têxtil, plástico, componentes mecânicas e eléctricas, etc.). Contudo e ao contrário dos outros dois sectores mais ‘castigados’ – o financeiro e a construção – sem que para ela haja contribuído! Enquanto estes são responsáveis, por efeito dos movimentos especulativos que neles se acoitam, por desencadearem todo o processo que descambou na crise, já no ‘automóvel’ não é possível estabelecer nenhuma relação directa com as principais causas que a originaram.

É certo que se vinha falando também já da sua responsabilidade como principal meio na produção dos fatídicos gases com efeito de estufa, com implicações nas alterações climáticas e ameaça ao equilíbrio ambiental – de consequências gravíssimas para todo o planeta. Mas não foi aqui que a actual crise global teve a sua origem.

A do ‘automóvel’ dá-se, pois, em consequência desta crise global, com o forte abalo que ela provoca na confiança dos consumidores. Mas para além da ‘normal’ retracção do consumo por naturais motivos de precaução, a profunda quebra das vendas de automóveis ao longo dos últimos seis meses (que nalguns casos chega a ser superior a 40%!), não obstante o recurso a grandes campanhas comerciais de descontos, tem outras causas que merecem ser identificadas, pois tão drástica e rápida mudança no comportamento dos consumidores exige uma explicação mais plausível. Os consumidores alteraram os seus hábitos de vida ou deixaram de andar de automóvel (por substituição de meio de transporte, por exemplo)? Passaram a não confiar em marcas quase centenárias, com capital de confiança acumulado ao longo de muitas décadas de implantação mundial?

A explicação mais razoável, a meu ver, encontra-se na racional conjugação do efeito ‘precaução’ (adiamento das decisões de investimento) com a incerteza (e consequente reflexo nas expectativas individuais) provocada pelas alterações tecnológicas no próprio automóvel. A crise energética desencadeou um conjunto de efeitos na sociedade, afectando também – ou talvez sobretudo, veremos – e de forma irreversível, a concepção do produto ‘automóvel’. Ninguém se mostrará muito interessado em adquirir um automóvel tecnicamente ultrapassado!

Na verdade, até há poucos meses tudo parecia estar bem na indústria automóvel, eventualmente ocupada em competir com a restante concorrência na base de novas estéticas, em incorporar novas tecnologias electrónicas, reduzir custos de produção (automação vs. emprego), conquistar novos mercados, nomeadamente os denominados ‘emergentes’. É certo que pairava já em certos construtores alguma preocupação pela redução dos consumos, por um maior controle das emissões de CO2 devido ao efeito de estufa e à sua influência nas cada vez mais evidentes alterações climáticas. Mas, no essencial, tudo se resumia em como extrair, do tradicional ‘motor de combustão’, as melhorias que permitissem responder a esses níveis de preocupação, entretanto vertidos em normas restritivas e prazos políticos a cumprir.

De repente, porém, o mundo pareceu acordar para uma realidade ‘escondida’, a de que a energia que, até agora, tem sustentado a nossa actual comodidade, caminhava rapidamente para o seu natural esgotamento. Os preços dispararam (‘ajudados’ por um sempre atento movimento especulativo), o pânico não chegou a instalar-se mas começou a ganhar corpo a ideia de que era urgente, que se tornava inevitável mudar. Foi então que um vasto impulso abalou o sector, originando novos condicionalismos técnico-políticos mais restritivos, forçando a inovação tecnológica e a produção de alternativas ao ‘velho’ motor de combustão (dos híbridos ao motor eléctrico ou electromagnético, avançando mesmo até ao hidrogénio, ao solar,...).

Mas ao contrário dos outros dois sectores, financeiro e construção (que começam a dar sinais de alguma estabilização e mesmo alguns, ainda ténues, indícios de retoma), a saída da crise no ‘automóvel’ afigura-se bem mais demorada e radical nas soluções a adoptar (profunda reconversão da indústria, com gradual adaptação a um novo paradigma energético) e dramática nas suas consequências (falência de empresas – a da gigante GM está anunciada para o início de Junho – destruição de empregos,...).
(...)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O automóvel, o mercado, as crises e as Europeias

I – As crises

Aparentemente, o título deste comentário (ou desta série de comentários), parece uma salgalhada sem nexo, pois afirmar que, afinal, ‘tudo se relaciona com tudo’, diz pouco, para não dizer nada, da razão porque se decidiu associar aqueles temas e não outros. E, contudo, mesmo sem uma explicação definida, não se torna muito rebuscado encontrar boas razões para um tratamento conjunto destes temas, pois algo parece ligá-los numa mesma preocupação comum. Dito isto, comecemos então pelo mais óbvio, por aquilo que, actualmente, mais agita e preocupa as pessoas, ‘a crise’ – ou melhor, as crises.

Sempre que se ouve ou lê qualquer um dos denominados (ou iluminados?) ‘economistas de referência’ – comentadores encartados a derramar prosápia, quase fulminando os comuns dos mortais com o anátema de ignorantes, de seres não iniciados nos segredos de que só eles são detentores – a falar sobre a crise, tanto o diagnóstico quanto as terapias giram à volta dos mesmos conceitos, tudo se resume em saber o lugar que cada um ocupa nesta espécie de ‘ordem natural das coisas’ que, aparentemente, rege o mundo de forma inexorável e sem remissão possível. As preocupações, raciocínios e outras considerações centram-se na forma de fazer funcionar o mercado, de pôr a economia a crescer, de reduzir o déficit,... ainda que pressurosos em tentar remediar as situações mais desesperadas (não vá a pressão social explodir).

Até há poucos meses atrás, o mundo ocidental evoluía então, aparentemente, dentro desta sua habitual normalidade, davam-se como adquiridos e naturais um conjunto de proposições que a ninguém passava pela cabeça questionar: crescimento económico ilimitado, custos da energia controlados (não obstante alguns sobressaltos esporádicos), inflação relativamente reduzida (‘mérito’ das receitas monetaristas imperantes),... Aqui ou ali pequenos distúrbios ou mesmo convulsões sociais, nada porém com dimensão para abalar as convicções mais profundas numa contínua melhoria de vida (pelo menos a que costuma ser vertida nas estatísticas divulgadas).

Mas, de repente, toda esta aparente normalidade (ou imutabilidade?) das nossas referências foi posta em causa pelas sucessivas crises:
- primeiro, pela da energia barata, todos parecendo acordar para a realidade há muito conhecida de uma anunciada escassez, mas que todos fingiam ser de uma indefinida perenidade. Com ela pareceu abalada a principal referência (ou instituição?) que sustenta o nosso modo de vida: o automóvel.
- depois, com a financeira, com algumas das instituições bancárias tidas como das mais sólidas e íntegras do mundo a soçobrarem num ápice: o dinheiro parecia volatilizar-se em instantes e, com ele, a seriedade e honestidade de alguns dos mais conceituados e influentes gestores, sorvidos na voracidade de uma desregulação que haviam criado e imposto, ameaçando, inclusive, alguns países de descambarem na bancarrota: o mundo nunca presenciara uma derrocada assim!
- por último, a global (económica, política, social, ambiental,...), quando a espiral da crise se propagou e começou a alastrar a todos os sectores, descobrindo ou acentuando fissuras até então contidas ou meramente escondidas, pondo em risco precários equilíbrios até então tidos como imutáveis, tornando consciente ou trazendo ao de cima problemas inimagináveis.

Mérito da crise (não obstante o séquito de desgraças, é possível descortinar nela também aspectos positivos), muita gente começa finalmente a questionar as razões desta aparente normalidade. A partir de aspectos ou elementos tão rotineiros e entranhados nos hábitos – tão naturais, pois – como os automóveis. Se até o automóvel é posto em causa, se até o meio por excelência da enorme mobilidade que caracteriza e distingue as sociedades modernas corre riscos, então isso pode significar um enorme retrocesso na qualidade de vida, é todo um modo de existência posto em causa.
(...)

Não há duas sem três !..

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cavaco : cineasta …

O senhor Presidente da República, talvez para espairecer - quem sabe (?) -, depois de Dias Loureiro ter apresentado o pedido de renuncia a/de conselheiro de Estado - sendo que, ainda assim e ao que se sabe pelos jornais, continua a merecer a confiança de Cavaco – visitou, hoje, o Jardim Zoológico …
Às tantas, e em conversa com os jornalistas – ouvi, agora, no noticiário da Antena1 – lá revelou mais uma das suas mui “ternurentas” histórias/aventuras; desta feita, ocorrida aquando da sua passagem pelas ex-colónias, no cumprimento do serviço militar.
Cavaco Silva – qual cineasta – lá filmou umas “cenas” com uns bisontes e/ou búfalos - pois o próprio Cavaco, ao que me pareceu, apresentava dúvidas – e num ímpeto de grande coragem, lá conseguiu os “bonecos” à curta distância de 50 metros; a D. Maria que, provavelmente e com muito ternura, acompanhava as filmagens, é que não esteve pelos ajustes e perante a perigosidade do “decor”, assustada e responsável, reclamava o terminus da carreira cinematográfica do prendado esposo.
Cavaco Silva, referiu aos jornalistas a perigosidade da situação e regozijou-se pelo facto de, felizmente, não (lhe) ter acontecido nada.
Eu, pela minha parte, refiro : que pena !!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O "mete-nojo" ...

O ex-Conselheiro de Estado, Manuel Dias Loureiro - que, ainda, e há relativamente muito pouco tempo, fez a apresentação do livro do "Menino de Ouro" - é uma pessoa que sempre, desde sempre, me meteu nojo, muito nojo que, segundo o dicionário é o mesmo que : "repugnância, náusea, asco, etc, etc ..."
Hoje, ao vê-lo e ouvi-lo, na SIC, só acabei por reforçar a "dose"...

A caça ao homem!

O espectáculo que ontem, 26 de Maio, durante cerca de 8 horas, Oliveira e Costa, ‘ofereceu’ ao país, não veio baralhar as contas da complexa urdidura montada no BPN (de que foi principal responsável e impulsionador), porque elas já estavam baralhadas antes. Mas teve pelo menos o mérito de relembrar o facto comezinho, que parecia estar a desvanecer-se, de que, afinal, ele não foi o único responsável – logo culpado – por todas as malfeitorias a que aquele Banco foi sujeito.

As dúvidas saltitam de personagem em personagem, do agora ex-conselheiro de Estado, Dias Loureiro (que jura a pés juntos absoluta integridade ética em todo o processo), ao denominado ‘bando dos quatro’ (!), depressa convertido em ‘dez’ (ou doze?). Do accionista de referência Joaquim Coimbra, íntimo da direcção do PSD (desta e de todas as anteriores) e do próprio PR, aos inúmeros quadros superiores do Banco, citados como intervenientes em acções de pormenores rocambolescos.

E o Banco de Portugal, onde fica em toda esta trama (ou tramóia)? Será agora que os seus encarniçados críticos terão numa bandeja a desejada cabeça do Governador Vítor Constâncio? Ou a do ministro da tutela, Teixeira dos Santos? Ou mesmo a do 1º Ministro, Sócrates? Ou a dos seus antecessores, uma vez que tudo isto se desenrolou ao longo de muitos anos, numa série interminável de actores, agentes (nacionais e internacionais), profissionais competentes ou ‘pára-quedistas’, amigos e apadrinhados, sobretudo gente habilidosa e versada nos meandros financeiros, disposta a tudo para poderem beneficiar dos milhões que são agora tão despudoradamente exibidos e que, parece, se evaporaram na voragem da crise que tudo explica.

E, contudo, entretidos que andamos neste agitado e pouco edificante enredo, sobra-nos a frustração causada pela certeza de que tudo afinal pode voltar a acontecer, de que nada de essencial foi alterado, o ‘bezerro de ouro’ continua intacto, o mercado mantém inviolável todas as suas prerrogativas – incluindo essa dos famigerados ‘off-shores’! Responsabilizar os intervenientes no processo de acordo com o papel por cada um desempenhado é tarefa essencial que reveste, para além da eventual imputação de culpas, carácter pedagógico importante. Mas centrar o discurso apenas na incriminação de pessoas, por mais determinantes que elas pareçam ter sido no processo, pode transformar-se em exercício perverso, se acabar por desviar as atenções do essencial.

E o aviso vem, mais uma vez de quem domina o sistema por dentro, que sabe do que fala. Retenho o desabafo de Oliveira e Costa – se alguém fala com conhecimento de causa é ele – quando afirma que, se o Banco de Portugal aplicasse aos outros Bancos os procedimentos utilizados no ‘seu’ BPN, o sistema bancário nacional entraria em colapso, nenhum Banco escaparia à derrocada!

O importante aqui não é tanto saber se os procedimentos da supervisão eram ou não os mais indicados, mas a confissão de que todos os Bancos actuavam dentro dos mesmos parâmetros e recorriam aos mesmos expedientes. O importante é concluir que, afinal, do que aqui se trata é de um comportamento padrão adoptado pela generalidade da Banca, nacional e internacional. O próprio BCP, que viu actuações deste tipo serem denunciadas na sequência da ‘zanga de comadres’ pela disputa do respectivo controle gestionário, beneficiou de isto ter acontecido antes da crise rebentar, permitindo uma solução a tempo de evitar males maiores. E o BES, já em 2006,...

Hoje esta conclusão começa a mostrar-se clara, mas ninguém parece interessado em daí extrair as devidas ilações. Porque isso seria admitir que o sistema, no seu conjunto (e não apenas algumas ‘maçãs podres’), falhou – e as consequências seriam bem mais drásticas do que a mera ‘caça ao homem’ em que se transformou a investigação em torno do que afirmam ser apenas um simples (apesar de toda a sua aparente complexidade, isso também serve à tese que o afirma) caso de corrupção.

Já por várias vezes aqui falei deste enviesamento dos factos, com o desvio das atenções do essencial em jogo – e o essencial é mesmo a natureza política das opções que determinam estes comportamentos! – para os aspectos meramente pessoais. Que, repito, apesar de importantes, não podem – não devem – sobrepor-se à questão política. A começar pela firme denúncia dos ‘off-shores’ – como tem feito, e bem, o BE.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Série Fantasbloco: TRATADO À NOSSA PORTA

7 de Junho : o principio do fim ?..

“Não basta começar bem, não adianta mediar bem; de pouco servem bons começos e melhores meios, se os fins não se mostram bem sucedidos.”
( Mateo Alemán, in “Guzmán de Alfarache” )

segunda-feira, 25 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Do sonho ao pesadelo!


Confesso que, na altura em que foi proferida, pouca importância atribuí a tão disparatada proposição. Talvez o já adiantado da hora explicasse a sua desvalorização, ou então talvez não fosse mesmo para levar a sério – não obstante ter tido, de imediato, entusiástica aceitação de um respeitável general do exército português (o que bem pode ser levado à conta dos óbvios benefícios militaristas dela decorrentes). Ou ter-se-á deduzido tratar-se apenas de um estouvado arroubo académico da proponente. Mas o desaforo do alvitre, pronunciado em tom sério, perante um auditório previsivelmente ainda considerável (mesmo atendendo ao adiantado da hora), sem que ninguém se atrevesse a questioná-lo, ou sequer a levantar qualquer dúvida, deu-me que pensar.

Tenho vindo, pois, a matutar, ultimamente, nessa opção estratégica que Fátima Bonifácio, quase no final do programa ‘Prós e Contras’ da passada segunda-feira, 18 de Maio, apresentou como sendo o grande dilema, político e financeiro, com que a Europa alegadamente se confronta, hoje: ou manter o ‘modelo social europeu’ que, em boa medida, corporiza a atracção que o resto do mundo nutre pela ‘velha Europa’ – o denominado ‘sonho europeu’; ou avançar para a constituição de um forte exército europeu (!), capaz de ombrear com as poderosas máquinas de guerra das principais potências militares (USA, China, talvez a Rússia,...), caso ainda aspire a assumir papel relevante na cena internacional – um ressuscitado ‘sonho imperial europeu’?
Não que valha muito a pena perder tempo com os piores dislates do mais esquizofrénico neoliberalismo de trazer por casa (no fim de contas, a sua origem profunda). Ou que questione, por um segundo sequer, a correcta opção a fazer no despropositado dilema desta enfatuada diletante, mas apenas porque me interrogo como ainda é possível, depois de tudo o que aconteceu e conduziu à presente crise financeira, haver alguém capaz de apresentar em público tal opção como estratégica para a construção do futuro europeu pós-crise.

Sobretudo depois de conhecidas algumas das consequências económicas, sociais, globais,... que continuam a infernizar a vida de milhões de pessoas, sorvidas na voragem de um sistema que apregoava o céu como limite; de não se poderem ignorar os que nem por ela tiveram oportunidade de ser afectados, tal a situação de anemia social em que já vegetavam; dos muitos mais para quem, precisamente por efeitos da crise, apenas restam negras perspectivas no seu horizonte; das crescentes dúvidas sobre a sustentabilidade ambiental e social do planeta; do efeito, enfim, de amortecedor que o agora descartável ‘modelo social europeu’ constituiu para esses muitos milhões de pessoas!

E, sobretudo:
- quando os grandes problemas que emergem desta violenta crise global – confrontando a Europa (e o Mundo) na busca de soluções rápidas e viáveis – questionam de uma forma cada vez mais consensual, o próprio modelo de desenvolvimento, até agora dominante, assente num esgotado crescimento económico contínuo;
- quando os desafios se colocam ao nível da própria sustentabilidade ambiental do planeta, implicando uma inevitável e muito profunda reconversão das estruturas produtivas, a tempo de se evitarem catástrofes que deixaram há muito de pertencer à ficção científica;
- quando, em suma, as estruturas políticas parecem cada vez mais distantes dos cidadãos e dos objectivos de uma verdadeira cidadania, progressivamente desfasadas da realidade social e esta ameaça explodir a qualquer momento,
- a quem serviria então esse formidável ‘exército europeu’, sobretudo feito às expensas (ou em alternativa) do pacífico e estabilizador ‘modelo social europeu’?

Decerto um beneficiário imediato se perfilaria: o sofisticado e cada vez mais apetrechado complexo militar norte-americano, que se sabe ser um dos grandes obstáculos – ver-se-á até que ponto muito em breve – da reconversão do dito modelo de desenvolvimento em benefício de um planeta mais sustentável. Também por isso, contrapor ao ‘modelo social europeu’ qualquer alternativa militarista, seria como transformar o sonho em pesadelo, corresponderia a regredir da civilização à barbárie – ainda que uma barbárie tecnologicamente sofisticada!

sábado, 23 de maio de 2009

Arroz transgénico....da Bayer!!!

Vídeo integrado na campanha da Greenpeace.

TAP : a diferença entre ter ou não ter (um) Castro

O meu nome é Castro, Fernando Castro, sou o supervisor de cabine …”

Foi, assim, com voz pausada, perfeitamente audível e, acima de tudo, com uma mensagem perfeitamente clara e inequívoca que o supervisor de cabine da TAP - Castro, Fernando Castro – se “anunciou” para, depois, pormenorizadamente, informar todos os detalhes da viagem que nos havia de conduzir a Newark, no passado dia 9 de Maio.
Mas, afinal, o que é que isso tem de mais ?..
Aprioristicamente nada, mesmo nada;
até, e porque mui provavelmente, o Castro, Fernando Castro, só estaria, mesmo e só, a cumprir o “Manual de Procedimentos” da Instituição que representa.
Só que, ainda assim, mesmo assim, de forma algo diferente da que normalmente estou habituado :
- o Castro, Fernando Castro, desempenha as suas funções com um “tique” de cariz muito pessoal, conseguindo, assim, com brio e profissionalismo, (em)prestar um serviço de eficiente qualidade aos passageiros que utilizam os serviços da TAP.
Pelo menos, e comigo, tal ocorreu; e para que conste, e em jeito de declaração de interesses, não conheço o Castro, Fernando Castro.
Sei é que, com a sua prestação, com a sua performance profissional, dignifica quer a profissão, seja a Instituição que representa.
Pena, pois, que na/pela TAP não “polulem” tantos e muitos mais Castros …

sexta-feira, 22 de maio de 2009

“Dia Internacional da Biodiversidade”

Hoje, “Dia Internacional da Biodiversidade”, nunca será demais recordar que as alterações climáticas são uma das maiores ameaças à diversidade de vida do Planeta para cuja degradação todos – uns mais que outros – contribuímos.
Convirá, assim, que todos e cada um, decidida e eficazmente, possamos alterar hábitos e comportamentos por forma a evitar a perda da (nossa) biodiversidade cujo valor ecológico, genético, social, económico, cientifico, cultural, recreativo e estético são essenciais à (nossa) sobrevivência e, por isso, só temos, mesmo, que pugnar pela sua preservação;
- se, e por acaso, quisermos ter f-u-t-u-r-o ...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os direitos das crianças e as bizarrias da justiça

Não alimento qualquer sentimento, de antipatia, simpatia ou simples curiosidade, pelo representante de Portugal no Eurojust (e seu actual presidente), o procurador Lopes da Mota. Até há poucos dias desconhecia mesmo a existência do personagem, e até da própria estrutura, pelo que me é totalmente indiferente. Mas a teia mediática e partidária que nos envolve, que fixa a agenda das nossas conveniências e necessidades, ‘obriga-me’ a dedicar-lhe tempo de atenção diário, pelo menos o que os meios informativos, da rádio, televisão ou imprensa, nele investem e nos impõem constantemente.

Pouco me importa, portanto, se a conversa que ele teve com ‘dois amigos’ (eram-no, pelo menos, até à dita conversa!) pode ser considerada ‘pressão’ política (!) ou apenas desabafo (?), se a sua intenção (coisa que, suspeito, nunca teremos possibilidade de verificar) era mesmo ‘pressionar, desabafar ou simplesmente conversar’. O processo, entretanto instaurado, corre os seus termos e – mandam as regras – ninguém aí devia interferir até à pronúncia da competente decisão. Contudo, e independentemente da convicção na inutilidade antecipada do que vier a concluir-se, o certo é que o caso está a ser aproveitado – mais um – para o esgrimir partidário em que, parece, os nossos políticos, todos eles, se esgadanham na sanha de ver quem consegue ‘esgrimir mais alto’! Sobretudo em período eleitoral.

Marinho Pinto e António Arnaut (!), acompanhados do habitual coro do PS, inclinando-se para a tese do desabafo, terçam pela finalização do inquérito; toda a oposição parlamentar, com especial arreganho por parte de Paulo Rangel e Nuno Melo, a desdobrarem-se em declarações, encarniça-se em virulentas diatribes contra o desaforo. A Manuela, essa, rasga as vestes e afirma que ‘o país está a ser enxovalhado’!!! A mim, que assisto saturado e desgostoso a este interminável folhetim rasca, desagrada-me saber que uma conversa em privado, tenha ela a intenção que tiver (e repito que dificilmente viremos a apurar a verdade dos factos – quais factos, afinal?), permite desviar as atenções e abafar os verdadeiros problemas da justiça, em especial o das investigações que a suportam.

Que têm por base a prepotência de uma classe, até agora tida e mantida acima de qualquer suspeita ou condicionalismos. Questiono, por exemplo, a legitimidade (para além, pois, de todo o suporte legal) de uma sentença que manda ‘devolver’ à mãe biológica, uma criança de 5 anos, entregue aos cuidados de uma família de acolhimento desde o ano e meio de vida: qual o peso, neste como em casos semelhantes, da atávica (ou pesporrente?) tendência dos juízes em decidirem SEMPRE a favor dos pais biológicos – mesmo contra todas as evidências e a expensas de indiscritível sofrimento humano, a começar pelo da criança; violando os seus ignorados interesses e direitos (incluindo o de um desenvolvimento afectivo equilibrado), por conta da mentalidade mais tacanha, obtusa, bisonha,... Estrita interpretação normativa, apuramento de matéria de facto? Não, em regra apenas meras convicções, reaccionarismo puro, ouso acrescentar. Para além da insensibilidade, claro. Para além até de eventuais deficiências na lei da adopção, que as tem, como é óbvio!

Características que se prolongam e têm a melhor expressão nas intermináveis e, não raro, inúteis, investigações judiciais na constituição dos processos por parte dos magistrados do Ministério Público, parecendo mais empenhados em agitar o episódico (desde que garanta efeito mediático) que apurar, com a rapidez exigida pela justiça, a verdade dos factos!

Os melhores deles, de todos os agentes judiciais, com o Bastonário da Ordem dos Advogados à cabeça – e não tenho dúvidas em enquadrar aqui também, contra a opinião crescente que se vai formando, o actual Procurador Geral da República – gastam-se em esforços perdidos para mudar este estado de coisas. Porque o ambiente criado é propício ao desenvolvimento de um serôdio corporativismo, que as tímidas reformas de Sócrates trouxe ao de cima e até exacerbou, acirrando ânimos (já então, é certo, em crescente efervescência) logo que anunciou a alteração do esquema das designadas ‘férias judiciais’.

Corporativismo que resiste, endémico e medieval, na sociedade portuguesa. Que interpela e confronta, nas estruturas e nas mentalidades, o nosso quotidiano. Que se sobrepõe, de forma mais ardiloso ou mais descarada, ao interesse colectivo. Que, logicamente, não se confina à área da justiça – mas que é nesta onde os seus efeitos se demonstram assustadoramente mais perniciosos!

Ofende-me que os políticos, todos os políticos, concentrem o melhor do seu tempo nas ‘denúncias internas dos procuradores’ (por mais relevantes que elas sejam!), descurando criminosamente, por exemplo, a salvaguarda dos direitos das crianças – sobretudo nas idades que mais contribuem para a formação da personalidade, até aos 5 anos, portanto. Eu sei, uma coisa não impede a outra, são duas áreas distintas. Precisamente por isso, há que saber definir prioridades. É para isso que (também) são políticos!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Desregulação geográfica …

Isto de se vir para os USA com um pé em vias de “reparação” tem muito que se lhe diga; e de que maneira …
Logo no Domingo, numa viagem a Martha´s Vineyard, ao descer do “artilhado” Jeep da Elisabeth, a filha do meu Amigo Manuel, comecei a “maltratá-lo”; o que, ainda assim, não foi nada que não se resolvesse – ou pelo menos disfarçasse - com a prestimosa ajuda do analgésico e sempre reconfortante gelo …
E assim foi acontecendo, todos os dias, quer em Boston, seja em Nova York : à noite, depois das caminhadas do dia, o gelo ou o pé num balde de água fria lá me (em)prestava o ânimo necessário e suficiente para o périplo do dia seguinte …
Mas, o mais hilariante desta minha estada nos USA, ocorreu na Abercrombie – a loja preferida da minha filha – onde, normalmente e (in)voluntariamente, apanho grandes “secas”.
E, ainda bem que, no interior da Loja, instalaram uns reconfortantes maples onde as “vítimas” – como eu – podem esperar sentadas; curioso – ou não (?) - é que esta “zona de estar” é essencialmente frequentada por homens que, ao som de uma “coisa” que é debitada por potentes altifalantes, vão desesperando, enquanto num frenesim inebriante, pelos três andares da Loja, os nossos familiares vão mexendo, remexendo, experimentando e voltando a experimentar “trapos” …
Eis, então, que chega mais uma “vítima”que se senta ao meu lado, enquanto a mulher e a filha partem para o “desvario” …
Num gesto de muita cumplicidade, lá nos apresentamos e aproveitamos para desdizer da nossa sorte por tamanho “castigo”; ele é o Edward, natural e residente em Filadélfia, na Pensilvânia e que está de visita a N.Y.
Às tantas, o Edward pergunta-me se sei dos resultados do Basebol. Respondo-lhe que não. Que sendo uma pessoa ligada ao desporto, não ligo ao Basebol, dado que não é uma modalidade que se pratique em Portugal, mas que, nos Açores, na minha adolescência e por influência dos emigrantes, jogava ao “Jogo do Ramo” ( com regras muito parecidas às do Basebol ).
Entretanto, o Edward pergunta-me :
Portugal, isso fica no norte de África ?
Espantado e incrédulo, não queria acreditar;
mais: não sabia se o “camone” estaria e/ou não a gozar …
Assim, em caso de dúvida, porque tinha muitas dúvidas quanto à pergunta, lá optei por responder recorrendo-me, para o efeito, de algo que havia lido na viagem, escrito pelo Miguel Vale de Almeida para a Revista da TAP, que citei de cor :
- Portugal está na Europa, mas não está na Europa;
- Portugal está no Norte de África, mas não está no Norte de África;
- Portugal está na América Latina, mas não é América Latina;
- Portugal está num País Latino, mas não é um País Latino;
- Portugal está no Sul, mas não é do Sul:
- Portugal não está no Mediterrâneo, mas está no Mediterrâneo
Ora, enquanto o “gringo” ficava de tal forma baralhado com a minha estapafúrdia(?) explicação, procurei tranquilizá-lo , acrescentando :
- Edward, Portugal é um País sui generis; tão, tão sui generis que só visitando-o se pode conhecê-lo …
Dito isto, eis que, final e felizmente, a minha filha havia terminado as compras.
Feitas as despedidas, lá muito provavelmente terá ficado o Edward às voltas com a sua (dele) desregulação geográfica …
Se assim foi; bem feito !..

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A burla dos políticos farsantes!

Depois de longos quilómetros de insultos, impropérios e ameaçadores dedos em riste acompanhados por intraduzíveis onomatopeias - de um lado -, correspondidos por uma ‘apagada e vil’ indiferença - do outro (entre o faz-de-conta que não existe e o faz-de-conta que nos diverte, ambos relevando de posições cada vez mais insuportáveis e abjectas) -, eis que os dois principais actores desta ominosa ópera bufa, a pender para a farsa, em cena sem interrupção nos últimos quatro anos, esta sexta-feira foram à fala! Como se nada se tivesse passado antes, como se fossem, não digo dois amigos (um pingo de vergonha ainda o impede), mas dois seres, vá lá, civilizados. Que é coisa que, pelo menos do lado de um deles, está longe de ser uma regra, é apenas um episódio de conveniência.

Dir-se-á que as razões de Estado a isso obrigam, que se tratou de um mero cerimonial exigido pelo protocolo. Certo, já havia o precedente do Sr. Silva – que, por razões protocolares, se sujeitou a ser vexado pela Assembleia Regional! E o do Sr Gama, que em tempos falara num tal ‘Bokassa da Madeira’ – entretanto já ‘reconvertido’ em exemplo de excelsa liderança democrática!... Ainda assim, a alguém passaria pela cabeça ver o Sr. Alberto João de mão estendida para o Sr. Pinto de Sousa? De mão estendida à espera de algumas benesses que o aliviem do garrote que lhe aperta os gorgomilos; o outro, finório de brandos escrúpulos, na expectativa de colher mais meia dúzia de votos que lhe permitam vogar, por mais uns tempos, na onda do poder.

O contorcionismo e as piruetas necessárias para ambos exibirem, na pompa exigida pela circunstância, uma serena pose de Estado, conhecida como é a história do seu relacionamento ao longo destes quatro anos, merecem registo pois foram de facto notáveis, só à altura de verdadeiros artistas. Com destaque, valha a verdade, para o papel do Sr. Alberto João, compulsivamente aposentado pelo Sr. Gama do desempenho de um ‘Bokassa’ que se lhe ajustava a preceito, agora porventura em busca de uma nova identidade bem à medida dos seus dotes histriónicos. Quem de certeza não está à altura de tão burlesca figura é o seu sempre pressuroso séquito, que tudo faz para tentar macaquear-lhe a pose e os gestos fanfarrões, mas apenas consegue desajeitados gatafunhos e não mais que uns ridículos grunhidos, os tristes!

Agora que se fala – e já não era sem tempo! – de proibir a utilização de animais no circo, talvez este personagem deva encarar a oportunidade, com toda a ponderação e a devida seriedade, de uma bem promissora carreira nas artes circenses, afinal a área em que ele mais se tem especializado, seja no trapézio, na contorção ou nas momices – onde, afinal, se tem revelado imbatível. Na sociedade nacional não é o único – mas é seguramente o primeiro!

Pobre país este, forçado a escolher entre a farsa e o burlesco!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Is Anyone Minding the Store at the Federal Reserve?

Parece que a fiscalização dos biliões emprestados ou gastos pelo banco central dos EUA (FED) para conter a cris, tem deixado muito a desejar!

terça-feira, 12 de maio de 2009

O cheirinho …

Acho que, ao longo da nossa vida, temos que estar sempre disponíveis para aprender, assim como, e sempre que possível, predispostos para a (com)partilha do nosso conhecimento; sempre …
Ora, fazia-me uma espécie que, aqui e onde estou, nos USA e em casa do meu Amigo Manuel, em todas as casas de banho, e são para ai umas cinco ou seis, em todas elas, houvesse caixas de fósforos em cima dos respectivos autoclismos…
Aquilo, dos fósforos, fazia-me uma confusão; ora, se o Manuel e a Sara não fumavam, para que raio seriam necessárias as caixas de fósforos em todas e cada uma das casas de banho ?...
Foi, então, e sem ter a necessidade de perguntar para que serviam que, (in)voluntariamente, percebi da razão de ser das caixas de fósforo nas casas de banho.
Depois de, e para uma necessidade fisiológica, ter utilizado a sanita que me está destinada, puxado o respectivo autoclismo, eis que, ainda assim, ficou no ar um “perfume” daqueles que, sinceramente, não é muito recomendável; ao sair da casa de banho, e estando o Manuel a passar no respectivo corredor, este, apercebendo-se do meu embaraço, dispara :
- Provavelmente, devem ter estranhado o facto de ter fósforos na casa de banho.
Ora servem para isto, para disfarçar este “cheirinho”; e, acende um fósforo que apaga logo de seguida …
E, não é que a coisa resulta; que resulta mesmo …
Portanto, a partir de agora, e chegado a Portugal, não mais haverá lugar à utilização de sofisticados artifícios para o disfarce de cheiros inconvenientes, dado que um simples fósforo pode eficazmente resolver o problema de um cheirinho …
Funciona mesmo; acreditem ...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A invocação recorrente (ou insolente?) da ‘Maioria Silenciosa’

Estão de volta os apelos à ‘maioria silenciosa’! Agora a propósito das sempre sensíveis questões de segurança. Onde aparentemente é fácil a exploração dos sentimentos primários das pessoas, com objectivos essencialmente propagandísticos. Com a marca de origem de sempre, na tentativa desesperada de evitar desaires eleitorais anunciados.

Reaparece então, rejuvenescido, ainda que em tom mais esganiçado, o espectro Galvão de Melo. O organizador da original ‘maioria silenciosa’ (a primeira tentativa de rua para neutralizar o 25 de Abril, note-se!), depois deputado pelo CDS, parece ter aqui criado escola – se bem que o vírus securitário conste do próprio ADN deste partido. Volta e meia a direita recorre a este velho expediente. Quando se sente mais acossada, menos confortável na correlação de forças políticas. Fá-lo, pois, mais por necessidade de afirmação que pelo efeito prático propagandeado, afinal as experiências passadas não recomendam tal aventura.

Bem pode o PP (o original e autêntico, o Paulinho das Feiras!) procurar consolo ou tentar a salvação do ‘seu’ CDS nesse difuso e sempre pantanoso conceito, propício a toda a demagogia. O desesperado apelo à ‘maioria silenciosa’ – à mistura, sublinhe-se, com as diatribes habituais contra os emigrantes, envoltas numa confusa obsessão por quotas e por acções policiais (o complexo dos submarinos?) – mais se assemelha a invocação divina por um ansiado acto milagreiro!

Com a tradição do ‘taxi’ em vias de ser retomada, só o afundanço nas sondagens parece, hoje, justificar mesmo tal gritaria!

domingo, 10 de maio de 2009

O atraso …

Já se sabe que, tratando-se de viajar para os USA, nunca se pode projectar o horário de chegada do avião : com exactidão …
Ontem, quando nos encontrávamos a cerca de 50 minutos do Aeroporto de Newark, o Comandante da TAP lá anunciou mais ou menos o seguinte : “ senhores passageiros, devido ao intenso tráfego que se verifica no Aeroporto de Newark, temos que aguardar instruções para aterragem, pelo que o horário de chegada do nosso voo está ligeiramente atrasado “
E, para não variar, assim foi : aterramos, com um ligeiro atraso …
Depois, houve que cumprir com as formalidades alfandegárias: e, também e ai, devido ao fluxo de passageiros, houve lugar a tempo de espera, a atraso …
Tudo isso não seria importante se não estivesse balizado, muito apertado com horários, dado que deveria apanhar um comboio que me levaria até Bóston.
Ora, com tantos e involuntários atrasos, já me aprestava para comprar bilhete para o comboio das 18h, quando o funcionário da estação me questiona se não pretenderia, outrossim, aproveitar o das 16h19m que, imagine-se, estava atrasado …
E, assim, por obra e grassa de um atraso de comboio, acabei por chegar a horas decentes (?) e abraçar o Manuel e Sara, meus Amigos que, em Bóston, me esperavam …
E, logo, ontem, que nos USA, foi o Dia Nacional dos Comboios, é caso para se dizer : bendito atraso …

sexta-feira, 8 de maio de 2009

De novo os políticos e a mulher de César...

Há qualquer coisa de muito subtil, quase misterioso ou então demasiado profundo, para mim e para a maioria dos mortais arredados dos meandros partidários, na recente aprovação parlamentar, por unanimidade das bancadas (apenas 2 votos discordantes!), das alterações à lei de financiamento dos partidos. Ao contrário dos habituais comentadores, para quem este tema constituiu um autêntico brinde, demasiado óbvio e condimentado, bem à medida dos seus vorazes apetites mediáticos.

O único argumento objectivo invocado prende-se, aparentemente, com a necessidade de se dar cobertura aos donativos obtidos pelo PCP na Festa do Avante. Não deixa de ser enternecedor constatar o gesto solidário, mas custa a crer que os parlamentares (ou as cúpulas partidárias) se tenham sacrificado e exposto desta maneira em prol do ‘pobre e oprimido’ PCP, de outro modo sujeito a malabarismos administrativos e enviesamentos burocráticos para poder beneficiar, de forma limpa e legal, dos parcos e sofridos óbolos dos seus indefectíveis correligionários.

O que mais surpreendeu, pois, foi esta conseguida unanimidade partidária, esta espécie de corporativismo político, este aparente cerrar fileiras de todos os partidos na defesa, ao que todos fazem crer, de um dos seus, desta feita o PCP ! Sobretudo numa altura em que, por via das muitas crises (a financeira, a política, a social,...), mais se impunha então preservar de quaisquer suspeitas o comportamento dos partidos (sempre sujeitos à depreciativa avaliação da sua acção, mesmo quando exercida em benefício colectivo), demonstrar que, afinal, se regem por princípios e normas imunes a todas as críticas.

Numa altura, enfim (vésperas de três eleições), em que os políticos, todos os políticos, se encontram sob forte escrutínio, tanto nas suas intervenções partidárias, quanto a nível das suas condutas pessoais, o surgimento deste caso, tanto pela forma (unanimidade dos partidos), como pelo conteúdo (aparente abrandamento das normas de controle dos donativos partidários), presta-se a todos os aproveitamentos, demagogias e mal-entendidos. Independentemente das boas intenções que hajam ditado tais alterações.

Tal como um desconhecido ouvinte da TSF se interrogava ainda esta manhã, admitindo não estranhar este tipo de medidas por parte da maioria dos partidos (incluindo, neste caso e por razões óbvias o PCP), mas do Bloco, afirmou, esperava outra atitude. Certo é que o Bloco habituou muita gente a saber estar e a agir diferente, de forma mais transparente e sem subterfúgios equilibristas, pelo que este episódio em nada parece ter beneficiado a sua imagem. Pelo contrário, acentuou aquela estafada e (abusivamente) generalizada máxima de que ‘os políticos são todos iguais, sabem tratar bem é dos seus interesses’. Sobretudo porque conviria ter sempre presente que – lá vem outra máxima – “à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo”.

Não havia necessidade!

Confidências …

Amanhã, logo pela manhã, viajarei para Boston onde, e durante uns dias, ficarei em casa de Amigos; do Manuel Bonifácio e da Sara Rosenfeld.
O Manuel que, tal como eu, nasceu na Ilha de Bruma - a (nossa) muito bonita Ilha de S. Miguel, -onde, então e por lá, cimentamos uma sólida e verdadeira Amizade, sempre muito fraterna, construída numa boa vizinhança e na cumplicidade de múltiplas brincadeiras e outras tantas travessuras.
Quis o destino – o que será isso : o destino (?) – que em 1976 o Manuel emigrasse para os EUA, enquanto eu já me havia radicado em Lisboa.
Ainda assim, pese a(s) distância(s), com tanto mar e um céu imenso que nos separa(va), sempre nos preocupamos, um com o outro; as noticias, estas, lá iam chegando, que mais não fora, pelas nossas mães ou, então, por familiares e amigos comuns.
Nestes últimos anos, porém - quem sabe se por destino (?) - lá nos (re)aproximamos amiúde – aproveitando, e para o efeito, as novas tecnologias - e verificamos, ambos, que pese a separação, nunca havíamos profanado a nossa grande e verdadeira Amizade.
Ora, depois da minha estada em Boston, deambularei, ainda e uns dias, por Nova Iorque; pelo que só voltarei às “postagens” se, para tal, tiver tempo e oportunidade;
se não : até mais ver !!!

Os Açores em Lisboa …

Acabo, agora mesmo, de chegar a casa, regressado da Inauguração da “Loja Açores”, situada numa zona nobre de Lisboa, muito bem servida de transportes – metro e autocarros – à Avenida Elias Garcia, 57 - Lisboa; trata-se de um excelente e amplo espaço que, com características inovadoras, pretende conciliar uma área dedicada ao comércio dos produtos típicos da Região, um balcão de atendimento da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC), passando a ser um local privilegiado para acções de promoção da boa imagem da Região Autónoma dos Açores.
Pode ler, aqui, o discurso de Carlos César que presidiu à inauguração e, entretanto, a partir de hoje, a pé, de bicicleta, de metro, de autocarro – seja de que modo for – já sabe onde encontrar os produtos da minha Região.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Estoril Open – 20 anos …

Um excelente exemplo que o tempo corre, célere, demasiado célere, é o que se passa com o Estoril Open (EO) que, este ano, já lá vai na 20ª edição…
20 anos, duas décadas (de)corridas mas, e ainda assim, parece que foi “ontem”.
Desde a primeira hora que tenho “participado” no EO.
A semana do EO era/foi sinónimo de férias profissionais; assim, pelo menos, aconteceu nas 17 primeiras edições do Torneio; para mim, para o Isidro e o Beato – velhos companheiros destas andanças tenísticas …
Porém, nestes últimos três anos, e por vicissitudes várias, não tem sido assim; só tenho lá estado, no EO, a espaços, tendo este ano “participado” só no primeiro dia do qualifying; e, claro, mais uma vez e para não variar, valeu a pena …
Mas, para o ano há mais e, então, lá “participarei” na 21º Edição do Estoril Open.
Até lá !!!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Bê-á-Bá do BPN

publicado em www.esquerda.net

terça-feira, 5 de maio de 2009

Dias Loureiro, a insustentável leveza do ser ...

Agora, depois de ter assistido à audição de Dias Loureiro, no âmbito da Comissão de Inquérito ao BPN na Assembleia da República, cheguei à conclusão que o ainda e agora Conselheiro de Estado é uma pessoa tão previdente, tão previdente, tão previdente que até para obrar é bem possível que o faça por um terceiro, ou por terceiros ….
Assim, e por isso, é bem provável que Dias Loureiro de tão impoluto, tão impoluto, impolutíssimo, nem por isso, pela sua (dele) merda, entenda ser o responsável …
É caso para se dizer : É OBRA !!!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Diferença(s) ...

«O problema do mundo de hoje é que os estúpidos só têm certezas e os inteligentes estão cheios de dúvidas»
Bertrand Russel ( 1872-1970 )

domingo, 3 de maio de 2009

Contingências ...

«O distanciamento no tempo engana o sentido do espírito tal como o afastamento no espaço provoca o erro dos sentidos.
O contemporâneo não vê a necessidade do que vem a ser, mas, quando há séculos entre o vir a ser e o observador, este vê então a necessidade, tal como aquele que vê à distância o quadrado como redondo.
(…) Tudo o que é histórico é contingente, pois justamente pelo facto de acontecer, de se tornar histórico, recebe o seu momento de contingência, pois a contingência é precisamente o único factor de tudo o que vem a ser.»
( Soren Kierkegaard, in “Migalhas Filosóficas” )

sexta-feira, 1 de maio de 2009

1º de Maio

Mudam-se os tempos, mas não se pode domar a vontade ...
( Eu, mesmo ao "pé-coxinho", vou estar ... )