sábado, 28 de fevereiro de 2009

28 de Fevereiro : Dia de Aniversário(s) …

Coincidência ou não … é um facto.
Hoje, dia 28 de Fevereiro é Dia de Aniversários :
do Bloco de Esquerda que faz dez anos, uma década;
do Benfica que comemora o 105º Aniversário
E eu, confesso-o, sou do Benfica que é uma “coisa”, isto de ser Benfiquista, que muito para além de ser uma paixão assolapada, ainda e agora e pese a idade, não consigo racionalizar;
e sou do Bloco de Esquerda, porque (de)corridos dez anos, continua a fazer sentido, todo o sentido, resgatar a “palavra” socialismo, por forma a haver mais justiça, mais igualdade, mais decência e mais dignidade; em suma : porque é tempo de ser exigente...
Sou, com honra, com gosto e muito orgulho do Bloco de Esquerda e do Benfica porque :
- cada qual à sua medida, são "algo" que vem de longe e para longe quer ir …

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Impressões de uma viagem ao coração do ‘império’: lá como cá... (III)

Regeneração do capitalismo ou reconversão do sistema?

Sintoma claro do clima de intranquilidade e crescente ansiedade – bem perceptível nos inúmeros debates a propósito ou até em simples comentários mesmo que a despropósito – a notícia de que o Chase e o City, já na sequência da aprovação do ‘Plano Obama’, decidiam suspender os despejos no caso de incumprimento de contratos de empréstimo à habitação. Não se sabe o prazo desta moratória, mas conjuntamente com os milhões do ‘Plano’, a notícia contribui para aliviar a tensão (financeira e emocional) e certamente repor algum poder de compra. Anima-se a procura, as aspirinas, para já, cumprem o seu papel. Mas por quanto tempo?

Enquanto isso e um pouco por todo o mundo, sucedem-se as discussões e reuniões ao mais alto nível, formais ou não, com o intuito de se encontrarem soluções duradouras para a crise, apostando-se na retoma económica. Fala-se em ‘regeneração’ do capitalismo. Ou na sua‘refundação’. Poucos, porém, admitem a ‘reconversão’ do sistema. O capitalismo, afirmam, nunca esteve em causa, o modelo de mercado é para manter.

Sem pretender avançar para extrapolações simplistas, é possível perceber, por entre o emaranhado de medidas que constitui o actual processo de combate à crise, algumas tendências que, a desenvolverem-se, poderão vir a contribuir para a gradual construção de um outro paradigma económico e social. Permito-me destacar aqui três delas:
· A redistribuição do ‘trabalho disponível’, na sequência lógica da redução do ‘tempo de trabalho necessário’ resultante da automação, como aconteceu já em experiências localizadas que apenas começam agora a ser tentadas (várias na Europa e EUA; entre nós, na AutoEuropa), através de negociações laborais em que a posição sindical se pode resumir na fórmula “trocar salários por postos de trabalho” (sem dúvida uma área a que os sindicatos – e os Estados – deverão passar a dar maior atenção, com vista à recomposição de uma nova equação laboral, seguramente diferente da actual e, espera-se, mais equilibrada, no esforço e nos benefícios).
· As alterações tecnológicas e os investimentos na área da energia, pondo a tónica nas energias renováveis, mesmo que o objectivo principal seja, por enquanto, alcançar uma maior independência das energias fósseis, em acelerado processo de esgotamento, se bem que, subsidiariamente, surja também o argumento dos benefícios ambientais. O desenvolvimento desta tendência, só por si, pode vir a representar uma significativa alteração do modo de vida actual (dependendo das inovações que forem sendo obtidas), da casa ao automóvel, dos hábitos e padrões de consumo aos próprios comportamentos sociais,...
· Nova forma de encarar o sistema financeiro, face ao total descontrole e incapacidade demonstrada pelo modelo de regulação actual, levando para já à aceitação da necessidade de intervenção pública num sector em que, até aqui e de acordo com a doutrina sedimentada nos últimos anos (de claro domínio neo-liberal), isso era considerado intromissão intolerável na esfera privada e de todo improvável que tal pudesse acontecer. Falta saber até onde pode ir essa intervenção, mas ela será sobretudo ditada por uma realidade em constante mutação, que não pára de surpreender.
Regeneração’ do capitalismo ou ‘reconversão’ do sistema? Eis então a dúvida que começa a formar-se – e pairará ainda durante algum (muito?) tempo, dependente do vogar de uma crise que parece longe de ter atingido o seu pico – quanto ao futuro próximo das nossas sociedades.
(...)

“Portugal não tem uma democracia …”

“Portugal não tem uma democracia...”;
eis o título da entrevista do Senhor Professor Vitorino Magalhães Godinho (V.M.G.) , hoje, ao Diário de Notícias, a propósito do seu mais recente Livro:
“Ensaios e Estudos – Uma Maneira de Pensar” (volume I).
Pela sua oportunidade e pertinência, não resisto à transcrição de alguns excertos :
(…)
DN – Então pensa que este Governo não sabe o que está a fazer ?
R – Sabe sim, infelizmente. Sabe como destruir o Sistema Nacional de Saúde e o ensino público, como entregar as universidades aos privados … Sabe pôr de parte todas as conquistas do mundo civilizado.
(…)
DN – Houve, então, um esvaziamento das ideologias ?
R – Os que dizem que as ideologias morreram têm uma ideologia;
a actividade privada, o lucro e um sistema de governação que na aparência imita a democracia, mas não o é realmente. Nós não temos uma democracia em Portugal, isso é fantasia.
DN – O que é que nós temos ?
R – Um Estado corporativo como Salazar sonhou e nunca o conseguiu. Realizamos o que desejava, que é o poder nas mãos de organizações profissionais.
DN – Quem tornou esse sonho realidade ?
R – O Governo actual e os últimos … Foi uma evolução num país que era feito à medida para conservar o mais possível a sociedade tradicional em que Salazar acreditava. Portugal ficou no séc. XIX e como não era moderno não havia preparação com o que veio depois do 25 de Abril. Voltaram-se aos defeitos antigos e acrescentaram-se os modernos.
E ainda e a propósito do primeiro-ministro eis o que pensa o Prof. V.M.G.:
« É a pessoa que mais me confrange porque ainda não o ouvi responder a uma pergunta com argumentação. Até deixei de o escutar.»
Eu, pela minha parte, e não fora o meu azar, hoje mesmo, trataria de comprar o Livro ...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Uma mobilização de tempo de guerra

tradução de texto de Lester Brown
«Há muitas coisas que não sabemos sobre o futuro. Mas uma coisa que sabemos é que o “business as usual” / “manter tudo na mesma” não vai continuar por muito mais tempo.
Uma transformação/mudança maciça é inevitável. Será que essa mudança advirá de nos movermos rapidamente para reestruturar a economia ou porque falhamos na acção e a civilização se desfaz?»
Ler o resto
(postado originalmente em FUTURO COMPROMETIDO)

Pela LIBERDADE, Sempre !..

"A Origem do Mundo"

[Este quadro pertence a um pintor chamado Gustave Courbet (1819-1877) que se encontra no Musée d’Orsay ]
Decidida e manifestamente, sou contra esta imbecilidade que faz lembrar alguma reminiscência censória de outros tempos …
E como cidadão, tenho que estar atento com o que (trans)parece , ou seja :
- com a celeridade com que se decide/julga a moralidade, em contraponto com a manifesta morosidade em decidir/julgar os direitos e as liberdades fundamentais ...
Pela LIBERDADE, Sempre !..

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Impressões de uma viagem ao coração do ‘império’: lá como cá... (II)

As aspirinas da crise (II)

Por esta altura, nem a imponência dos enormes arranha-céus de Nova Iorque consegue esconder os preocupantes sinais da crise, um pouco por todo o lado: desde logo o número impressionante de desempregados – só o mês de Janeiro trouxe cerca de mais 600.000! – que cresce assustadoramente com o anúncio diário de novos despedimentos; a angústia invadiu as ruas de várias cidades com marchas pelo emprego e relança o debate sobre a eficácia das medidas postas em marcha; nas televisões passam com frequência exemplos de famílias desesperadas e o consequente tratamento pedagógico de cada situação, sucedem-se os apelos à caridade...

Os colossais apoios dedicados à sustentação do debilitado sistema financeiro, depois da ruína provocada pelos engenhosos métodos (de par, é certo, com comportamentos fraudulentos) da gestão privada, ao longo sobretudo das duas últimas décadas, demonstram-se assim insuficientes para relançar a economia e suster a degradação contínua da situação social que, tudo o indica, vai aprofundar-se. Perante isto, a recém empossada Administração americana, como de resto vem acontecendo em todo o mundo, sentiu a necessidade de avançar com um outro pacote de medidas, mais orientado para o apoio directo à economia real.

O ‘stimulus plan’ de Obama, afinal, em nada difere do que a generalidade dos responsáveis políticos tem vindo a adoptar por toda a parte, centrado em torno das receitas tradicionais do estímulo da economia pelo aumento do consumo, tanto pela via do incentivo à procura privada – através do reforço do poder de compra – como pelo incremento do investimento público – garantindo mais oportunidades às empresas. Sendo o objectivo essencial deste plano a luta contra o desemprego, procura-se que as medidas nele contempladas, depois de executadas, possam contribuir para a manutenção de empregos em risco e a criação de novos postos de trabalho.

A discussão estabelecida em torno das medidas propostas por Obama para relançar a economia e o emprego (desde logo representando, lá como cá, uma ínfima parcela dos apoios concedidos ao sistema financeiro!), centrou-se na forma de como conseguir voltar à expansão passada – desbaratada na aventura mal sucedida de um capitalismo totalmente desregulado e selvagem – ou seja, como retomar os anteriores níveis de consumo por forma a que as empresas conseguissem manter os seus níveis de actividade e, assim, garantir os postos de trabalho cada vez mais ameaçados. Tratou-se apenas de saber qual a melhor forma de pôr de novo a funcionar a impressionante máquina consumista que organiza e rege a sociedade norte-americana, máximo paradigma das sociedades actuais, quaisquer que elas sejam.

Assistiu-se então a uma minuciosa negociação, entre democratas e republicanos, com vista à elaboração do documento final, com aqueles a procurarem defender o peso dos apoios directos do Estado (investimentos distribuídos pela energia – ciência e tecnologia – infra-estruturas – educação – cuidados de saúde) e os segundos a tentarem esticar o peso dos cortes nos impostos. Curioso o recurso ao ‘infamante’ epíteto de ‘socialista’, com que os republicanos pretenderam condicionar Obama por este haver apostado mais na intervenção pública pela via dos investimentos do que pela via fiscal!

Mais do que o resultado final desta autêntica maratona negocial (que se saldou por uma ligeira cedência dos democratas na redução do valor destinado aos investimentos – os respectivos pesos passaram de 33/67 para 36/64), importa sobretudo notar que:
· Lá como cá, as receitas para se sair da crise, afinal, passam pelo reforço do vírus que lhe está na origem, o extremo consumismo (ainda que se não queira admiti-lo, mesmo que a espuma dos dias nos tenha trazido primeiro uma crise financeira), traduzindo maior pressão sobre os recursos. Pode afirmar-se que, no curto prazo, não sobrava qualquer outra alternativa. Talvez. Mas convém registar.
· Lá como cá, a destruição de postos de trabalho atinge proporções alarmantes, a que acresce o facto de, por norma, a criação de novos empregos implicar, a prazo, a destruição de empregos existentes a ritmo muito superior. Processo inevitável, é certo (por força da automação,...), mas que ajuda a perceber o ‘buraco’ actual das economias capitalistas. E de que, no final, dificilmente sairão ainda capitalistas...
· Lá, ao contrário de cá, houve mesmo abertura à negociação, daí resultando acertos na proposta final aprovada! O que também merece acentuar-se – pela diferença.

Apesar de em momento algum ter sido posto em causa o modelo económico responsável pela actual crise (não obstante todos os esforços para a atribuírem a comportamentos individuais fraudulentos) – longe, pois, de se afastar do consagrado paradigma consumista – este processo comporta, ainda assim, outros aspectos, a indiciar novas tendências, que convirá começar desde já a explicitar melhor.
(...)

A imolação do desespero

Ocorreu, pela enésima vez, mais uma tragédia anunciada com emigrantes no mar. Desta vez (qual?) com a funesta ironia de tudo ter acontecido a escassos 20 metros do destino! Noticia-se que morreram 21 – dos quais 16 eram crianças – podiam ter sido 100 ou apenas 1, pouco importa à nossa entorpecida sensibilidade. Talvez ainda concedamos um esgar de compaixão, por entre duas colheres de sopa, que as notícias do dia caem-nos no prato à hora de jantar.

O certo é que a rotina em que se transformaram estas notícias afasta qualquer hipótese de sobre elas reflectirmos um pouco mais, de procurarmos saber, afinal, o que empurra tantos milhares (tantos que até já lhes perdemos a conta!) a arriscar a vida desta maneira, desprezando o seu valor, numa aventura, sabem-no bem, em que todas as probabilidades apontam para o insucesso – seja desaparecidos no mar ou retidos em autênticos campos de concentração, à porta, pensarão eles, do sonhado paraíso!

E a resposta, que nos recusamos a encarar, atinge-nos de forma brutal: apenas o desespero de vidas não vividas, explica o passo vital (ou mortal?) que estes homens e mulheres, arrastando os próprios filhos pequenos, arriscam na procura de uma vida com sentido! Que lhes é sistematicamente recusada pelos bem instalados na vida!

Afinal, qual a linha divisória que separa a imolação dos emigrantes no mar e a imolação dos próprios bombistas-suicidas?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Portugal: Estado de Direito?!

Parece que Domingos Névoa foi condenado a uma multa de 5.000€ (!!!) pelo caso de tentativa de corrupção de José Sá Fernandes. Recorde-se o que ficou registado no Despacho de Pronúncia do Tribunal.
O pobrezinho ainda vai pagar a pena às prestações, à razão de 200€ por dia durante 25 dias!
Perante isto, este país não se pode levar a sério. A justiça portuguesa é uma anedota. Os montantes envolvidos na tentativa de suborno ascendiam pelo menos a 250.000€, como se pode ler no despacho.
Afinal este procurador-geral da República é uma decepção. De facto, o Vale e Azevedo tem razões de queixa, sim senhor!
P.S. O José Sá Fernandes parece, por sua vez, um tótó, ao dizer que considera a condenação exemplar, apesar de discordar da pena, o que é um pouco contraditório, mas enfim!. Num país normal, isto é motivo para pena de prisão efectiva para vários anos.
Isto é um escândalo!!!
Ler comunicado do Bloco de Esquerda

O Zeca ... e o mês de Fevereiro

Fora ainda e agora vivo, e o meu irmão, o Zeca, teria feito, ontem, cinquenta anos; meio século …
Porém, o Zeca – faz, agora em Abril p.f, dez anos – "partiu" quando tinha, então, 40 anos …
Morreu num palco da Guarda quando e enquanto actuava com os (seus) “Quinta Punkada”.
Há quem diga que morrer num palco é o sonho de qualquer músico ...
Pode ser.
Contudo, o Zeca “partiu” sem ter tido tempo e tão pouco a delicadeza de se despedir; dos Filhos - o Pedro e o Miguel - da Família, dos Amigos …
Depois desta "desfeita", o Zeca será, sempre, um i-n-g-r-a-t-o ...
Aquele abraço e até sempre, Zeca !!!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

PPC : puto maravilha, ou “figura sinistra" ?..

Hoje, Pedro Paços Coelho (PPC) é "figura" de capa da Pública, onde é entrevistado.
PPC foi – diz ele – uma criança rebelde …
Ficamos a saber que, enquanto adolescente, leu muito; leu – diz ele - muito mais ensaio do que literatura.
Leu Kafka e Sartre; e –diz ele – leu Voltaire muito mais cedo do que Camilo e Eça …
Confessa que não leu Marx. Mas, aos 14 anos – diz ele – leu o Livro Vermelho de Mao Tsetung.
Aos 12 anos – isso mesmo : com uma dúzia de anos – assistiu, na qualidade de observador, a um Congresso da UEC, da União dos Estudantes Comunistas; mas, já e então precoce “visionário”, afastou-se, porquanto – diz ele – “achou o ambiente confrangedor e porque as pessoas eram convidadas a terem todas as mesmas ideias”
Aderiu, então, à JSD por uma questão lúdica dado que só, e mais tarde, é que houve lugar à aproximação ideológica; sobretudo - diz ele – por via da intervenção politica de Sá Carneiro, tendo chegado a Presidente da Jota, da JSD.
Agora, adulto, com 44 anos, o ex-Jota PPC, anda preocupado com a genética do PSD, e apresenta-se como "o Candidato"; à liderança do PPD/PSD e à governança do País.
Pela "amostragem", que todos os Deuses - deste mundo e arredores - nos livrem de semelhante arrivista ...
É que, e em meu entender, este PPC tem tanto de precoce, quanto de plástico !!!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Impressões de uma viagem ao coração do ‘império’: lá como cá... (I)

A grande esperança da América – e do mundo? – chama-se Obama

Nada melhor que a distância – espacial ou temporal – para se conseguir relativizar a importância atribuída ao papel de certos personagens ou actores políticos, sociais e outros, ou para aferir a actualidade, senão mesmo a validade, de determinados factos, ideias e concepções. Ao longo das duas últimas semanas, geograficamente ‘longe’ da realidade portuguesa, procurei acompanhar, na medida do possível (em função, desde logo, do escasso tempo disponível para dedicar à informação e do que mo permitia o fraco domínio da língua), o que se passava nos ‘States’.

Adiante-se desde já que, por esta altura, nos EUA vive-se uma obsessiva (pelo menos aos olhos de um observador externo), ainda que compreensível, ‘obamania’, bem visível quer no tempo dedicado ao novo presidente americano nos ‘media’ (com relevo para as televisões, todas as televisões, diga-se), quer nas camisolas e inúmeros pechisbeques que inundam o comércio, para venda a nacionais ou a turistas, em Chinatown ou na Times Square, nos grandes armazéns Macy’s (os maiores do mundo, de acordo com o meu guia turístico) ou nas inúmeras bancas de rua, em plena Wall Street ou às portas da Abyssinian Church, em Harlem.

É certo que, neste período, ocorreram dois episódios (pelo menos) que podem justificar este estado de espírito. Na verdade, para além da novidade (a CNN dispõe mesmo de uma rubrica ‘Os 100 primeiros dias de Obama’!), o acompanhamento solícito do dia a dia do presidente explica-se, antes de mais, pela interminável discussão em torno do ‘stimulus plan’ com que Barack Obama pretende relançar a economia e enfrentar a crise no seu país; mas também pelo propósito do paralelo estabelecido com Abraão Lincoln, a pretexto da celebração do bicentenário do 16º presidente norte-americano, por muitos considerado o mais carismático inquilino da Casa Branca.

As comemorações dos ‘200 anos’ de Lincoln, sob o lema “De Lincoln a Obama’, deram azo aos mais diversos comentários a destacar o legado do primeiro e a estabelecer as eventuais similitudes presidenciais, no propósito óbvio de se explorar o estado de graça do segundo, pela enorme esperança que concita na maioria dos americanos (depois do descalabro da ‘era Bush’!). E a colagem só não foi mais evidente e mais destacada, porque de imediato surgiram documentários e análises a tentar repor alguma verdade histórica sobre o pensamento do talvez maior ícon político norte-americano de sempre (tanto ou mais que Washington, o primeiro dos ‘pais fundadores’).

Afinal, no início da sua carreira política, o republicano Lincoln declarava-se convicto segregacionista e adepto da supremacia branca, tendo-se até envolvido em polémica com um destacado abolicionista negro, Frederick Douglas, com nome de Avenida em Harlem (na continuação da Oitava). A guerra da secessão que teve de enfrentar obrigou-o, mais por razões bélicas e económicas que por motivos ideológicos, pois, a ter de defender a liberdade dos escravos, assim passando à História pelos dois grandes feitos por que é conhecido: constituição de uma união federal (vitória sobre a confederação sulista) e abolição da escravatura.

Dois aspectos a reter – e a sublinhar – para já. Antes de mais, o de que, com mais ou menos vicissitudes, continua a saber preservar-se a tradição de independência na comunicação social norte-americana; por outro, a confirmação, aqui como sempre, de que a realidade continua a impor-se às convicções, quando estas surgem desfasadas da existência e da vida.

Sobre o outro aspecto que concentrou, neste período, uma tão obsidiante atenção dos ‘media’ sobre Obama’ – o ‘Programa de estímulo’ à economialá como cá, uma enorme discussão sobre se as medidas mais aconselháveis para se sair da crise, ainda que apenas centradas nas de dentro do sistema, deverão ser sobretudo por acção indirecta da intervenção do Estado (de natureza fiscal) – como propõem as correntes mais liberais – ou de apoio público directo (investimento) – de acordo com as tendências mais keynesianas.

Eis um assunto que, pela sua extrema actualidade e universalidade, merece tratamento mais desenvolvido. Como tentarei fazer em próximo comentário.

Em dia de dérbi Lisboeta, contas à “moda” do FCPorto …

Manoel de Oliveira, uma das maiores personalidades da cultura Portuguesa, foi recente e justamente homenageado pelo FCPorto.
Há cem anos, quando nasceu Manoel de Oliveira, o FCPorto tinha dois anos.
Este ano, (de)corrido um século, Manoel de Oliveira tem cem anos e o FCPorto 115 (cento e quinze) anos…
É perfeitamente lógico; são contas à "moda" do FCPorto …

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O (sor)riso e/ou a falta dele, do (sor)riso ...

«[...] A alegria é um dos mais reveladores traços humanos, basta a alegria para revelar as pessoas dos pés à cabeça. Por vezes não há meio de percebermos o carácter de uma pessoa, mas basta ela rir para lhe conhecermos o feitio como às palmas das nossas mãos. Só as pessoas desenvolvidas do modo mais elevado e feliz sabem ser contagiosamente alegres, de uma maneira irresistível e benévola. Não falo de desenvolvimento intelectual, mas de carácter, do homem como um todo.
Portanto: se quiserdes compreender uma pessoa e conhecer-lhe a alma não presteis atenção à sua maneira de se calar, ou de falar, ou de chorar, ou de se emocionar com as ideias mais nobres, olhai antes para ela quando se ri
( Fiodor Dostoievski, in «O Adolescente» )

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Petição : Demissão de Manuel Dias Loureiro do Conselho de Estado

Não pretendo, de todo e por antecipação, levantar qualquer juizo de intenção acerca de Manuel Dias Loureiro.
Porém, enquanto cidadão que vem assistindo a todas as "peripécias" (co)relacionadas com as audições do «Caso BPN» , considero que a(s) mentira(s) debitada(s) por Dias Loureiro na Comissão de Inquérito da Assembleia da República, são motivo mais que suficiente para a exigência imediata da sua saída do Conselho de Estado.
"(... Tendo em conta :
1. Que o Conselho de Estado é um órgão de soberania não electivo que deve merecer toda a dignidade institucional e deve estar, pelas importâncias funções que pode desempenhar em momentos de crise, acima de qualquer suspeita;
2. Que o conselheiro Manuel Dias Loureiro tem assento naquele órgão por indicação do Chefe de Estado, e não por inerência, e que todos os seus comportamentos põem em causa o bom-nome do Conselho de Estado, da Presidência da República e do País;
3. Que mentir a uma Comissão de Inquérito Parlamentar é um acto de enorme gravidade cívica, legal, política e institucional, ainda mais inaceitável quando vindo de um conselheiro de Estado;
4. Que permanência do conselheiro Manuel Dias Loureiro naquele órgão lhe garante imunidade; ...)"
Assim, e já que Dias Loureiro não terá a dignidade de se demitir e, tão pouco e pelos vistos, o Presidente da República o fará, eu assinei a petição e convido-vos a fazê-lo AQUI .

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A credibilidade e a "fruta" ...

É assim, tem sido assim, salvo raras, raríssimas excepções.
A urdidura das leis da República – elaboradas e aprovadas por quem (?) - vem (em)prestanto a sensação que protege, tem protegido os tubarões; os impostores da política, do mundo do futebol e da finança; à excepção, até ver, de um “bode expiatório”
É, assim, perfeitamente normal, normalíssimo, que face às nossas leis sistémicas, o Tribunal da Relação do Porto tenha arquivado o processo relacionado com alegados favores sexuais a árbitros no final de um jogo de futebol, que ficou conhecido como o “caso da fruta”.
E, assim, e por isso, os senhores Desembargadores lá indeferiram o recurso do Ministério Público; mas, também, por uma questão de credibilidade: de Carolina Salgado versus (a “credibilidade” neste processo) Pinto da Costa, Reinaldo Teles, do empresário António Araújo e do ex-árbitro Jacinto Paixão.
É assim, neste País, com as leis que temos, às quais e quando convém (?), se "acrescenta" qualquer coisa, como neste caso : a Credibilidade ...
Só que a credibilidade, esta, deveria fazer toda a diferença entre as Pessoas ...
E é, assim, por tudo isso, que, enquanto cidadão, (ante)vejo um corolário de "cores muito sombrias" para os processos judiciais em curso : a Casa Pia, o Freeport, o BPN etc...
Ao "emaranhado" das leis sistémicas, sempre se pode(rá) acrescentar mais qualquer coisa; por exemplo : a respeitabilidade ...
Eu, por mim, não me conformo; porque tenho a certeza que, com uma "Esquerda Grande", de Confiança, é possivel outra, mais e melhor Justiça !!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Darwin, 200 anos ...

No aniversário dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e nos 150 anos da publicação da “Origem das Espécies”

Tarde é o que nunca chega …

Por vicissitudes da minha “clausura”, tenho assistido, com todo o interesse e atenção, via AR/tv, às audições parlamentares que vêm decorrendo no âmbito do inquérito ao BPN.
Como cidadão, regozijo -me pela forma como a Comissão de Inquérito da Assembleia da República tem conduzido este processo; com acuidade e muita acutilância nas questões colocadas aos diversos “convidados”…
E como entre os diversos “convidados”, as contradições já são tantas e tamanhas, a Comissão viu-se obrigada a solicitar o levantamento do sigilo bancário por forma a que a mentira não possa tomar conta da verdade
E porque, em meu entender, só há uma forma de combater a corrupção e o crime económico, tal seja : seguir o rasto do(s) dinheiro(s), oxalá, quem de direito, possa despachar em conformidade e com a urgência necessária.
Tarde é o que nunca chega !..

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

E agora ?..

“... claramente violador quer do basilar princípio da igualdade, constante do artigo 13º da Constituição, quer dos da proporcionalidade e da Justiça a que toda a Administração Pública se encontra constitucionalmente vinculada por força do artigo 266 da CRP”.
« ... dois docentes em situação exactamente idêntica (mesma classificação média das pontuações atribuídas em cada uma das folhas de avaliação, igual percentagem exigida de cumprimento das respectivas actividades lectivas e, no caso da atribuição de Excelente, idêntico reconhecimento de contributos relevantes para o sucesso escolar dos alunos e para a qualidade das suas aprendizagens, reconhecimento esse feito através da proposta classificativa devida e expressamente fundamentada) seriam afinal classificados de forma diversa em função de um factor a eles completamente estranho e em absoluto arbitrário, como seja o de um exercer funções numa escola ou agrupamento onde, para sua infelicidade, a quota de Excelente ou de Muito Bom já foi atingida e o outro exercer funções em escola ou agrupamento onde, para sua felicidade, a dita quota ainda não foi atingida…».

Debates sobre Ciência

A Ciência ocupa hoje um lugar de destaque na nossa sociedade.
Muitos dos debates do presente, desde as células estaminais à física das altas energia estudada no LHC são difíceis de acompanhar sem um conhecimento elementar daquilo que é o estado do conhecimento científico actual.
A Cultra reuniu um conjunto de investigadores para um ciclo de “Debates sobre Ciência” para discutir com o público questões actuais do desenvolvimento científico.
Os debates realizam-se no bar do Teatro A Barraca pelas 21.45, às quintas feiras, entre 12 de Fevereiro e 12 de Março.
A primeira sessão, dia 12 de Fevereiro, será animada por Rui Borges, investigador científico, que abordará o tema "O que é a Ciência?".
A entrada é livre.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

JUNTAR FORÇAS !..

No principio, o lema foi : - “COMEÇAR de NOVO”…
Então e para isso, para “Começar de Novo”, houve que JUNTAR FORÇAS …
Hoje, dez anos (de)corridos, continua a fazer todo o sentido renovar e inovar para “Começar de Novo”; sempre, e sempre com o objectivo e o propósito de JUNTAR FORÇAS …
Estou, com honra e gosto, a participar na VI Convenção do Bloco por uma questão moral, de cidadania e pela política;
- porque urge resgatar a “palavra” socialismo;
- por forma a haver mais justiça, mais decência e mais dignidade;
- porque o Bloco foi e será uma Força de e da modernidade;
- porque e como, hoje e na Convenção, afirmou o José Manuel Pureza :
SOMOS UMA ESQUERDA QUE VEM DE LONGE E PARA LONGE QUER IR …

O escândalo do BPN

O Ministro das Finanças parece achar que o dinheiro da Caixa Geral de Depósitos não é dinheiro público! Extraordinário! Então, não é ao Tesouro Público - através da Direcção -Geral do Tesouro e Finanças - que a CGD paga os dividendos e solicita aumentos de capitais? Estão a gozar connosco! Quando é que alguns políticos vão passar a respeitar os cidadãos? O buraco no BPN assume proporções colossais!: 1.800.000.000 de euros! Isto dá cerca de 180€ por português (incluindo jovens, adultos e idosos, activos e inactivos), só para sustentar uma fraude financeira!

«Este valor [...] é pelo menos o dobro do que tinha sido detectado pela auditoria realizada a pedido da anterior gestão de Miguel Cadilhe.» Público Online

Pensam estes senhores que é possível manter uma sociedade coesa com este tipo de casos, ainda para mais em tempos de crise? É porque esta crise ainda está longe de ter atingido o pico. Será que os nossos governantes estão atentos ao que se passa lá fora? Eis o que diz a revista norte-america Foreign Policy sobre países como o Reino Unido e a Grécia!

Excerto: «The question in Britain is no longer when the economy will enter a recession, but when it will enter a depression, with many bracing for a slump that could rival the 1930s in severity.»

Ou seja, a perspectiva para o Reino Unido é já de uma profunda depressão económica, cujo termo de comparação são os anos 30. E isto, em parte, porque também o governo inglês manteve-se agarrado à ortodoxia e aos interesses míopes, não percebendo o que vinha aí. E não se trata de um terramoto ou de outro qualquer desastre natural, como vêm agora dizer alguns. Esta crise tem origem num conjunto de acções ou omissões de políticos, com uma determinada ideologia sobre o que deve ser a economia e a sociedade. E existem soluções, não são necessários messias. O problema é que quem causou este desastre quer passar incólume - à custa de todos nós-, e isso só agrava a crise!

Mas parece que o Ministro, lá no fundo, tem alguma consciência - avaliando pelo seu semblante - perante esta interpelação no Parlamento.

P.S. Por muito que o Presidente da República assobie para o lado, o seu conselheiro vê-se cada vez mais desmascarado.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Vida e as limitações ...

«Com uma vida limitada não podemos ser ou fazer tudo.
Estamos constantemente a ter de escolher com que e com quem passar o nosso tempo.
Cultivar amizades toma tempo.
Às vezes temos de recusar encontros e desapontar muitas pessoas para termos tempo de alcançar os nossos fins.
Todos os dias temos de escolher entre as coisas que estão à venda.
Não podemos ter o mundo inteiro, tal como uma criança não pode comprar todos os rebuçados da doçaria se tiver apenas um tostão.
Esta é uma das grandes lições da vida.
Temos de escolher na altura própria, e o destino é a seara que cresce da semente da escolha.
A fórmula para uma escolha inteligente exige não só um profundo conhecimento de nós próprios como uma afirmação da nossa própria maneira de ser.»
( Alfred Montapert, in : "A Suprema Filosofia do Homem" )

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Estado de Israel é viável?

Recente número da revista Visão, em plena campanha militar israelita em Gaza, inseria dois artigos a propósito da permanente crise judaico-palestiniana, tentando descortinar o futuro da região de maior incerteza do Mundo. A interrogação que, curiosamente, ambos colocavam no título, levanta uma dúvida comum e prenuncia um destino idêntico – ‘Requiem por Israel?’, de Boaventura Sousa Santos e ‘Israel pode sobreviver?’, de Tim Mcgirk, transcrito da revista ‘TIME’ – que, de algum modo, encerram o dilema com que o Estado de Israel, a potência dominante e que mais tem a perder com qualquer alteração ao ‘status quo’, se encontra confrontado. Mais que as raízes históricas deste interminável conflito, ambos visam perspectivar o futuro, abordando cada um deles um dos dois factores que, conjugados, mais podem influenciar o destino da região.

Em primeiro lugar, o factor demográfico, apresentado no artigo da TIME, revela que a principal ameaça ao poder de Israel se encontra dentro das suas próprias fronteiras e contra a qual o poderio militar de que dá provas hoje, tenderá a tornar-se inútil amanhã: é que a actual correlação demográfica entre judeus e palestinianos naquele espaço geográfico, por enquanto favorável aos primeiros, depressa irá inverter-se. Dada a taxa de natalidade, os palestinianos em breve tornar-se-ão numa maioria clara, pronta a ameaçar, pela via democrática do voto, o absurdo estatuto confessional do Estado judaico!

A este deve acrescentar-se o que pode designar-se por factor ético, que decorre da crescente pressão das opiniões públicas mundiais pela aplicação dos códigos democráticos à situação da região, sobretudo confrontando-a com:
– a aberração que constitui, hoje, a sobrevivência de um Estado confessional, equiparável ao ‘virtual’ Vaticano ou ao tão vituperado (e bastas vezes ameaçado) regime iraniano e, na prática, impossível de garantir, a prazo, a sua perenidade, face ao incontestado critério universal de “um homem um voto” ;
– a cada vez mais insustentável lógica da construção do Grande Israel, que este tem vindo a desenvolver, mas cuja concretização se encontra dependente de um intolerável extermínio dos palestinianos – como referido no artigo de Boaventura Sousa Santos, na Visão!

Ora, já aqui o referi antes, a situação actual na região apresenta-se constituída por um Estado – Israel – e um conjunto de 'Bantustões' – o território supostamente destinado à implantação do Estado da Palestina, resultado da permissividade, complacência, senão mesmo incentivo, à instalação nele dos colonatos judaicos. A mera configuração geográfica que este processo adquiriu apresenta-se de tal modo complexa e confusa, que torna praticamente impossível a solução (até agora aposta dominante na desacreditada diplomacia internacional, assente na existência de dois Estados independentes). Mas mesmo que tal fosse possível – implicando a praticamente inviável retirada de Israel para as fronteiras de 1967 – permaneceria sempre a exigência de, mais tarde ou mais cedo, deixar de fazer sentido a manutenção de um Estado de base confessional!

Ainda que seja arriscado aplicar a lógica à História para delinear prováveis cenários futuros, certamente que ela nos autoriza a utilizar as principais tendências que nela se cruzam para, pelo menos, esboçar os contornos desses cenários. E é por isso que, na sequência do que ficou dito e do que cada vez mais observadores independentes parecem aduzir, que me permito concluir (repetindo o que já afirmei em anterior comentário sobre o assunto) que “o desenvolvimento lógico da situação actual só pode descambar na inviabilidade do próprio Estado de Israel – e do da Palestina também, mas isso já hoje se verifica”.

Ou, de forma pragmática, como o articulista da TIME interrogava: “Como ganhar uma guerra quando o outro lado acredita que o tempo está do seu lado?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

FSM : Homenagem a Chico Mendes ...

“O grito verde que anda”

Francisco. Chico. Chico Mendes.
Seringa. Seringueiro. Seringal.
Legião de homens e sonhos.
Verde rompendo o verde.
Punhal aceso na memória
da água, da pedra, da madeira.
Dos homens?
A sumaúma, a seringueira,
a pedra do monte Roraima,
o sangue que mina do tronco
nos seringais de Xapuri indagam:
onde a sombra exilada de Chico Mendes ?
Organizador dos ventos gerais
que combatem depois das cercas,
de todas as cercas da terra...
Chico: um grito verde que não cessa.
( Poema de Pedro Tierra )