quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Uma mobilização de tempo de guerra

tradução de texto de Lester Brown
«Há muitas coisas que não sabemos sobre o futuro. Mas uma coisa que sabemos é que o “business as usual” / “manter tudo na mesma” não vai continuar por muito mais tempo.
Uma transformação/mudança maciça é inevitável. Será que essa mudança advirá de nos movermos rapidamente para reestruturar a economia ou porque falhamos na acção e a civilização se desfaz?»
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(postado originalmente em FUTURO COMPROMETIDO)

4 comentários:

Anónimo disse...

Este artigo, que eu ainda não tinha lido (estou a dar-me agora conta de uma série de contributos positivos que me passaram despercebidos, ontem foi no Ladrões de Bicicleta, hoje este!), coloca questões extremamente acutilantes e de um ponto de vista inovador.
Não há dúvida de que as nossas sociedades têm capacidade para se adaptar ou reconverter as economias (e toda a organização social, afinal), se a isso forem obrigadas. O exemplo da última guerra é muito curioso e bem aplicado, mas lá está, a reconversão da economia americana numa economia de guerra só foi possível, em tão curto espaço de tempo e com o êxito conhecido, em clima de grande pressão que normalmente só as guerras provocam.
É por isso que eu estou convencido que, mais que a consciência maior ou menor por parte dos responsáveis mundiais sobre a já dramática situação actual e a necessidade de agirem, também de forma idêntica à ‘reconversão de guerra’, no sentido de se acautelar o que parece poder descambar num cada vez mais irremediável ‘Futuro Comprometido’ (com toda a propriedade), só a ocorrência de factos extraordinários (mais do que alguns que têm vindo já a verificar-se) poderá levar a uma significativa alteração de comportamentos e adopção de políticas ajustadas. É a realidade que o irá impor - só espero que quando isso acontecer o não seja já a destempo! E isto sem prejuízo de considerar positivo (ainda que curto, é já um passo,) o actual sentido da administração ‘Obama’ nesta área, que, finalmente, parece disposto a levar os americanos para uma via mais sensata.
Afinal e como exemplo, porque é que todos os carros não são já híbridos (porventura até com tecnologia que permitisse uma maior eficiência nas baterias – em termos de materiais utilizados e de resultados)?

José M. Sousa disse...

Concordo que a pressão da guerra força as coisas de maneira diferente. No entanto, o conhecimento deste tipo de situações tem a virtude de demonstrar que é possível essa mudança se houver capacidade política. Receio também que não possamos esperar por eventos dramáticos, porque será tarde demais. A conclusão é que isto terá que ir lá por pressão de uma opinião pública informada, por acção de cada um de nós.

Anónimo disse...

É óbvio que não podemos ficar à espera que algo aconteça de muito grave para só então se poder apelar à opinião pública e exigir mudanças radicais na orientação económica. Mas tempo é o que me parece não existir, nem no caso do safanão por via de uma catástrofe – é sinal de que chegamos tarde!; nem no da acção ou pressão de uma opinião pública informada e consciente dos riscos que se corre – a sua mobilização, seja através da acção política ou da nossa acção individual, é processo lento e de efeitos limitados (irão sempre prevalecer as posições ‘comodistas’, sobre opções de ruptura, a menos que esse comodismo seja posto à prova – e vamos cair no mesmo). E entretanto o que tiver de acontecer irá mesmo acontecer...
Mas concordo que a pior das opções é mesmo ficar à espera que algo aconteça para que as pessoas acordem para o problema e exijam soluções, na medida do possível dentro do escasso tempo que resta para as tomar. Daí aceitar também que a única alternativa que resta é mesmo a mobilização da opinião pública mundial – e esperar que 'Gaia' tenha mais capacidade regenerativa do que a que os modelos têm vindo a integrar quando estabelecem as suas previsões!

José M. Sousa disse...

Eu sou o primeiro a ter dúvidas sobre a capacidade de mobilização (embora faça parte de um partido político - o Bloco de Esquerda) e, de facto, desespera-me algum comodismo de que fala. Às vezes acho que isto não tem mesmo solução. A sociedade está construída para o imediato; até há uma ferramenta que desvaloriza o futuro: "a taxa de desconto social", discutida neste "post"
No entanto, quero acreditar que o comodismo das pessoas também se deve a falta de informação e conhecimento (perfeitamente normais, tendo em conta a complexidade do mundo moderno). E é isso que urge fazer: aumentar o conhecimento. A blogosfera, e este blogue com o seu humilde pode dar um contributo. Mas é preciso muito, mesmo muito mais.