Ocorreu, pela enésima vez, mais uma tragédia anunciada com emigrantes no mar. Desta vez (qual?) com a funesta ironia de tudo ter acontecido a escassos 20 metros do destino! Noticia-se que morreram 21 – dos quais 16 eram crianças – podiam ter sido 100 ou apenas 1, pouco importa à nossa entorpecida sensibilidade. Talvez ainda concedamos um esgar de compaixão, por entre duas colheres de sopa, que as notícias do dia caem-nos no prato à hora de jantar.
O certo é que a rotina em que se transformaram estas notícias afasta qualquer hipótese de sobre elas reflectirmos um pouco mais, de procurarmos saber, afinal, o que empurra tantos milhares (tantos que até já lhes perdemos a conta!) a arriscar a vida desta maneira, desprezando o seu valor, numa aventura, sabem-no bem, em que todas as probabilidades apontam para o insucesso – seja desaparecidos no mar ou retidos em autênticos campos de concentração, à porta, pensarão eles, do sonhado paraíso!
E a resposta, que nos recusamos a encarar, atinge-nos de forma brutal: apenas o desespero de vidas não vividas, explica o passo vital (ou mortal?) que estes homens e mulheres, arrastando os próprios filhos pequenos, arriscam na procura de uma vida com sentido! Que lhes é sistematicamente recusada pelos bem instalados na vida!
Afinal, qual a linha divisória que separa a imolação dos emigrantes no mar e a imolação dos próprios bombistas-suicidas?
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
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1 comentário:
Excelente postagem; infelizmente, são cada vez mais recorrentes estes dramáticos incidentes onde o desprezo e a indiferença são o pão nosso de cada dia dos governantes desta Europa-Fortaleza.
CBS
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