quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Regulação e reguladores, políticas e políticos

Observo a Autoridade da Concorrência em pessoa, Manuel Sebastião de seu nome, a debitar explicações e outras considerações sobre os preços dos combustíveis. Refugia-se na apresentação dos métodos estatísticos que vai utilizar para elaborar (mais) um novo estudo que irá ficar concluído daqui a seis meses (!), em Março do próximo ano.

Por trás do intenso matraquear dos estudos projectados por esta ilustre Autoridade, interrogo-me se a personagem tem vida real – se sabe o custo dos produtos que consome, se vai às compras, se mete gasolina no carro,... – ou se não passa apenas de mais uma peça na engrenagem.

Afinal, este é o arquétipo de regulador do mercado que se diz ter falhado nas suas funções e por culpa de quem a crise teve origem. De algum modo inquieta-me saber isso, esta personagem concreta – pelo que observo e pelo que se sabe dela – não inspira confiança, mas o certo é que nada de substancial mudaria se fosse outra qualquer. Se a solução passar apenas pela melhoria da regulação, de pouco adiantará e em breve tudo voltará ao mesmo, porque é o próprio modelo de mercado que empurra e impõe a desregulação.

Compare-se com o que acontece com a alternância dos partidos do centrão em que, não obstante a dança das cadeiras governamentais, nada muda em substância (o que é até uma das razões para o crescente alheamento político das pessoas). Por uma vez experimentem, num caso e noutro, mudar as políticas, ao menos façam lá a experiência para ver no que é que dá! Assim como assim, pior já vai ser muito difícil. Sobretudo, como sempre, para mal dos mais desfavorecidos.

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