"(...) A esquerda tem de integrar e debater, no seu pensamento próprio, os princípios e os instrumentos possíveis de regulação da globalização: o combate à predação das multinacionais que localizam e deslocalizam investimentos a seu bel-prazer, a taxação das transacções financeiras internacionais, a abertura dos mercados dos países desenvolvidos às exportações oriundas dos países em vias de desenvolvimento, a travagem da proliferação dos off-shores, o combate à economia 'suja' dos tráficos de pessoas, drogas e dinheiro, o combate à exploração de mão-de-obra infantil, escrava ou sem quaisquer direitos sociais, e à degradação ambiental. (...)"
( Manuel Alegre, em Artigo no DN que merece ser lido AQUI com toda a atenção )
Um parágrafo, dois gráficos, algumas palavras.
Há 20 horas
1 comentário:
E já quase no final desse artigo, pergunta MA: “Mas em que sentido se fará a mudança? Era aí que a esquerda deveria ter um papel. Mas onde está ela?”
Essa tem sido também a minha interrogação,... aqui exposta com todo o peso institucional que MA tem, bem entendido. Mas vou mais além: esse papel não pode apenas resumir-se a tornar o sistema mais humano, mas apostar numa alteração do próprio paradigma que o sustenta, o paradigma mercantil. O que não vai ser tarefa nada fácil. É que existe já entranhada, na denominada cultura ocidental, uma mentalidade produtivista tão acentuada, que neste momento ninguém se atreve a travá-la nem sequer a questioná-la e, no entanto, sendo ela um produto da ideologia do mercado (e irmã gémea do consumismo desenfreado), constitui o vírus que pode levar à ruína eminente dos recursos limitados do planeta.
Os argumentos esgrimidos à volta quer do aumento do ordenado mínimo, quer em torno do plano de obras públicas, são reveladores de que, em termos de mentalidade, a crise ainda nada mudou nas mentes formatadas da direita e de alguma esquerda. Continua a falar-se de produtividade, competitividade, crescimento,... como se nada se estivesse a passar, com a mesma convicção com que os corretores de Wall Street se apressaram (sem o saberem) a levar a Bolsa ao fundo.
“Há um grande défice de esquerda na Europa. Uma nova esquerda só poderá nascer de várias rupturas das diferentes esquerdas consigo mesmas.”
Lapidar, meu caro. Rupturas que importa fazer, a nível económico, político e sobretudo cultural.
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