quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Deflação ou inflação?



A propósito da discussão em torno das taxas do BCE e da evolução da Euribor, no contexto do turbilhão da crise financeira, económica e moral, ver esta "postagem" no "Futuro Comprometido".

1 comentário:

Anónimo disse...

Começam a esvair-se as esperanças de se evitar o pior, pois já não restam dúvidas de que as condições concretas em que rebentou esta crise potenciam os seus efeitos negativos para níveis difíceis de imaginar e cada vez mais assustadores. Sobretudo as actuais condições sociais, de concentração absurda da riqueza, de pauperização de franjas crescentes da população, de redução da rede de protecção social,... geradas pela gestão destes neoliberais iluminados e sem freio, tornaram-no muito mais vulnerável aos cíclicos sobressaltos das crises capitalistas. E o que se está a passar não é apenas mais um sobressalto cíclico, como alguns ainda pretendem fazer crer, é cada vez mais visível que se trata de uma profunda convulsão, de dimensões ainda impossíveis de avaliar, pois ela todas os dias tem vindo a aumentar e a surpreender.
O grande risco agora é a contaminação da economia real pela crise financeira, que hoje parece já inevitável (só não se sabe ainda em que nível). A situação mais preocupante encontra-se mesmo na debilidade da procura e por isso a necessidade de medidas para relançar o poder aquisitivo, quer dos particulares quer das empresas. Mas os poderes públicos dos diferentes Estados a nível mundial, presos (ainda) à ortodoxia dos mecanismos liberais de mercado, tardam a entender a necessidade de avançarem com urgência com aquelas medidas mais óbvias e já testadas, de tipo keynesiano (é certo que promovê-las corresponde à admissão do fracasso do neoliberalismo).
As piruetas do BCE, instituição paradigmática do poder mercantil que agora desmoronou, são a ridícula expressão da maior desorientação que grassa entre os mais directos responsáveis por toda a gestão da economia. Há uma semana decidiram manter as taxas directoras, agora baixam-nas, mas o efeito demonstrou-se nulo sobre o mercado que ignora o gesto e até parece desprezá-lo. Não só o próprio valor dessa redução parece completamente desajustado para as exigências imediatas, como sobretudo se tratou de uma medida desgarrada e desenquadrada de uma política coordenada entre todos os países da UE de medidas de fundo (de tipo keynesiano ou de preponderância do poder público) para relançar a economia real e, no mínimo, se poder conter a crise.
Neste contexto, para além da análise crítica de natureza conceptual, tornam-se cada vez mais úteis textos de conteúdo mais objectivo, como o presente, que ajudem a avaliar as medidas que vão sendo tomadas e a ponderar eventuais alternativas concretas.