terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Alberto João Jardim : Presidente eterno ...

O que é que Alberto João Jardim tem a ver com Muammar Kadhafi?
De acordo com uma reportagem publicada este fim-de-semana no diário espanhol El País, o Presidente do Governo Regional da Madeira está no poder há 30 anos, sendo apenas superado pelo líder líbio, que ocupa o cargo há 39 anos.
Diferenças: “o coronel nunca se submeteu ao veredicto das urnas”.
Sobre o perfil do líder madeirense, o jornalista Francesc Relia escreve que o “seu carácter histriónico (...) o leva a depreciar, insultar e incomodar os seus adversários políticos, e também aqueles que estão no seu bando, o Partido Social Democrata (PSD)”. E acrescenta: “Jardim é um produto genuinamente madeirense, catapultado em partes iguais pela Igreja e pelo antigo regime. Durante a ditadura foi protegido pelo homem do salazarismo na Madeira, o seu tio Agostinho Cardoso (...)”. Apesar disso, o jornal salvaguarda que o PSD regional pouco tem de parecido pelo nacional – “Na Madeira, são do PSD os velhos quadros do salazarismo que conservam cargos locais”.
Leia como, segundo o jornalista do El Pais, Alberto João Jardim mantém o controlo da Madeira.

2 comentários:

José M. Sousa disse...

Apesar de tudo, considero esta perspectiva algo exagerada!
O principal jornal na Madeira nem é o Jornal da Madeira. O Diário de Notícias da Madeira é de longe mais significativo e não é controlado pelo Governo. Por outro lado, a Madeira foi das primeiras regiões do País (senão a primeira) a ter TV por Cabo. E além disso com a tradição já secular do Turismo (de qualidade e múltiplas origens!), os madeirenses como um todo não são propriamente uns "tapados" ou "carneiros" sem qualquer livre arbítrio para decidirem o seu destino! É preciso ter cuidado quando se dirige a crítica a João Jardim (que teve algum mérito numa determinada perspectiva, e não se deve exclusivamente ao dinheiro) e não confundi-lo com os madeirenses (mesmo aqueles que votaram nele), caso contrário poderemos correr o risco de nada compreender.
Este comentário é só para temperar a coisa

Anónimo disse...

De facto, só um olhar exterior para conseguir ver o Jardim com algum distanciamento. Foi preciso, pois, vir um jornal estrangeiro dizer-nos que o ‘rei vai nu’ para que aqueles que sempre afirmaram o seu asco pela forma ‘jardinista’ de fazer política acreditassem não estarem loucos ou eventualmente cegos por algum sectarismo estrábico.
É claro que a tal forma histriónica de fazer política, se transforma a personagem num pantomineiro Bokassa africano – que só não deslustra e envergonha o país, porque este o despreza – garante-lhe, no entanto, os meios para apresentar obra (incluindo a chantagem política!) e, assim, perpetuar-se no poder.
A perspectiva do 'contenental', perante tamanha exibição de cimento e alcatrão é a de que tal só foi possível com prejuízo de obra não realizada em sítios porventura mais carenciados – pelo menos a partir da altura em que o desenvolvimento da Madeira ultrapassou a média do país.
Admito que a dos madeirenses, mesmo os que são críticos da personagem, esteja pelo menos dividida entre o que consideram a utilidade da obra feita e a forma de obter os meios para a sua concretização. Mas convenhamos que se cada região recorresse aos mesmos processos do Jardim, seria insustentável acorrer a todas as situações. Pela minha parte, gostaria também de ver túneis na Serra da Estrela, única forma de garantir acessibilidade adequada ao seu interior (Manteigas, por exemplo, corre o risco de desaparecer do mapa!).
É por isso que a regionalização, que considero reforma essencial e urgente para evitar a morte económica do que ainda resta no desertificado interior, encontra aqui, no péssimo exemplo da Madeira, um dos principais obstáculos e argumentos dos que se lhe opõem. Com receio de que as regiões se transformem em outras tantas Madeiras – ao sabor dos caciques locais, reivindicativas ao ponto de porem em causa a unidade nacional!
E isso é também ‘obra’ do Jardim, de tal modo que, estou certo, para se verem livres desta 'sarna', poucos se importariam com uma eventual independência da Madeira!