" ...um politico não entra em choque com a realidade"
[ José Sócrates, em entrevista a (de)correr na RTP1 ]
Começa, assim e formalmente, a campanha eleitoral para as próximas futuras eleições legislativas ... de 2009.
«A Mentira é a recriação de uma Verdade. O mentidor cria ou recria. Ou recreia. A fronteira entre estas duas palavras é ténue e delicada. Mas as fronteiras entre as palavras são todas ténues e delicadas. Entre a recriação e o recreio assenta todo o jogo. O que não quer dizer que o jogo resulta sempre.»
Ana Hatherly, in «O Mestre
Dois pesos e uma impunidade total
Há 4 horas
2 comentários:
Não sei se a campanha para as próximas eleições começou agora ou se até nunca saímos dela, a avaliar pela forma como é utilizada a comunicação social. Duas coisas, entretanto, parecem certas:
– na comparação com a entrevistada de ontem (a Manuela Ferreira Leite), o Sócrates acumulou vantagem considerável: em termos de postura mediática e em termos de conteúdo das respectivas mensagens;
– nenhum sabe como é que vai descalçar a bota que enfiou, que é como quem diz, nenhum faz a mínima ideia de como enfrentar a crise que lhes estalou nas mãos, porque nenhum sabe qual a natureza desta crise: Sócrates optimista porque sim, Manuela pessimista porque descobriu ser esse o melhor cenário para que o poder lhe caia no regaço.
Aliás, neste momento, é ainda prematuro adiantar-se o que quer que seja sobre como vai ela evoluir. Apesar de muitos sintomas apontarem para uma crise de natureza muito diversa das habituais crises cíclicas do capitalismo, também é verdade que o sistema já demonstrou, noutros momentos de extrema gravidade, capacidades invulgares para deles ressurgir. O que se está a passar nas Bolsas mundiais, por exemplo (na de Lisboa ainda mais), é prenúncio de qualquer coisa de muito grave, a que todo o optimismo de Sócrates não consegue dar resposta.
E o pior é que desta vez a crise não é ‘meramente’ financeira, ela grassa sobretudo a nível da economia real, da energia aos alimentos, já atingiu a indústria, ameaça o turismo... O que potencia as tensões sociais...
Entretanto, Sócrates e Manuela parecem mais interessados na dança das cadeiras.
Tem toda a razão.
Sobretudo quanto à "forma" como este governo soube, e bem (há que reconhecê-lo),utilizar os OCS; a propaganda tem sido, de facto, um denominador constante em toda a gestão socrática.
Referia-me, outrosim, ao começo formal da Campanha para as p.f. Legislativas, em 2009.
Quanto à entrevista, não fora a "importação" da maldita crise e era só, e mesmo, loas à excelência governativa.
O problema é que Sócrates pensa ( e, obscenamente, repete, repete, repete ) que quando tudo lhe corria pelo melhor, eis que lhe “bateu à porta” uma fatalidade “importada” e que, portanto, a crise económica é “importada” não tem nada a ver com o contributo formidável da sua governação para o estado da “coisa”.
Enfim, este "menino de ouro", líder, qual homem determinado, passou ao lado (não se falou) do desemprego e do Tratado de Lisboa e é uma vítima, um incompreendido da gritaria que, por aí, se vai manifestando.
Para mim, sinceramente, não me inspira qualquer confiança; causa-me repulsa, quer pela falta de decoro e humildade, seja pelo seu atrevimento.
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