segunda-feira, 27 de abril de 2009

O fim da irresponsabilidade fiscal

“ … As almas puras do capitalismo transparente rasgam as vestes perante o pavor de ter as contas verificadas pelo fisco ou os prémios milionários "confiscados", já para não falar da ignomínia que seria os accionistas saberem quanto lhes pagam em salários.”
Francisco Louçã , in Jornal de Negócios
( a propósito das reacções à aprovação na generalidade de três propostas do Bloco de Esquerda : levantamento do segredo bancário, publicação das remunerações dos corpos gerentes das empresas cotadas e uma taxa sobre os pára-quedas dourados )
Nota : mas o mais hilariante, não fosse o assunto em questão demasiado sério, são os comentários, a grande maioria dos comentários dos leitores do “Jornal de Negócios”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Este texto do Louçã parece-me extremamente acutilante sobretudo na desmontagem, por dentro, dos próprios argumentos utilizados por quem contesta a transparência – afinal a palavra mais (ab)usada por eles – das medidas agora aprovadas (na generalidade) contra a corrupção. Ainda por cima já em curso em países próximos de nós (próximos na ideologia e no sistema, entenda-se), como a Espanha.
Quanto aos comentários dos leitores, esses, são bem a prova de que as condições subjectivas, no que respeita à percepção social da realidade, se encontram sequestradas (aqui com mais propriedade do que quando utilizada pelo ‘sempre em pé’ - ou pau para toda a colher? - do PSD/Rangel) pelo denominado pensamento único, que mais não é que o ‘deus mercado’ que as pessoas têm na cabeça e que lhes serve de critério para avaliar tudo.
É por isso que o meu cada vez mais incorrigível determinismo me diz que isto só lá vai quando as pessoas sentirem na pele (da pior maneira, portanto) algumas das consequências que, por enquanto, são apenas objecto de insistente advertência por parte de uns poucos, aparentemente mais avisados, mas de que a maioria continua a escarnecer. Ou pelo menos a ignorar. Até ver (ou será sentir?).