sábado, 15 de novembro de 2008

O bobo e a bandeira

Por uma vez, devo confessar, estou de acordo com Manuel Monteiro. Na sequência do episódio protagonizado por um deputado regional do partido de que é (ainda) presidente, afirmou ele que, depois destes anos todos a aturar as ofensas à República (e, sobretudo, à democracia), a desobediência fanfarrona perante as suas leis, a alarvice mal-educada para com os seus pares políticos, as grosserias destemperadas, as pulhices manhosas, enfim, o mau hálito (pum!) do Jardim – que Jaime Gama denominou, em tempos (outros tempos!) por ‘Bokassa da Madeira’ – não resta senão uma de duas: ou o poder da República actua no sentido de o obrigar a cumprir o que os seus órgãos determinam se aplique a todo o espaço nacional (é o mínimo exigido), ou então, se esse poder se sente fraco de mais para intervir, o único caminho que resta é dar aos madeirenses a independência, já que estes, não obstante a anomalia que tal estado de coisas comporta, parecem satisfeitos com a situação! Quem certamente o não está é o resto do País, obrigado a sofrer o desaforo deste presunçoso e mal-agradecido bigorrilha (feito às custas da democracia, diga-se), sujeito à permanente chantagem canalha e, para cúmulo, a solver-lhe as dívidas contraídas nas obras do regime!

É que se a atitude do deputado PND da Madeira é (justamente) condenável, então que dizer dos comportamentos ‘acima da lei’ a que frequentemente se arroga o direito de ascender o omnipotente Alberto João? Ou das suas reiteradas atitudes intimidatórias, atirando insultos sobre os inimigos políticos, desdenhando dos ‘amigos’ quando dele discordam, classificando tudo o que mexe de fascista ou comunista (na sua mente delirante não há distinção...), e de outras inenarráveis (mesmo em ‘blog’) e aleivosas picardias! E o que é mais irritante é que o faz com aquele sentimento de impunidade e sobranceria, que lhe advém da certeza firmada ao longo de dezenas de anos de desafiante desfaçatez perante a completa inoperância (por vezes, é certo, um mal disfarçado e contranatura conúbio, veja-se os casos dos OE negociados) dos ‘cubanos do Contenente’.

A cena da ‘bandeira nazi’ mereceu vivo e unânime repúdio, as cenas canalhas do Jardim – atentatórias das mais elementares regras democráticas, vexatórias da dignidade dos atingidos – são levadas à conta dos excessos histriónicos do personagem e, por daí se deduzir a sua inimputabilidade, desconsideradas e merecedoras de... sorrisos amarelos (de impotência?). O gesto desajeitado e fora de propósito do deputado do PND serviu, no entanto, para chamar a atenção, mais uma vez, para uma situação que todos consideram democraticamente insustentável, mas que nenhum poder democrático se atreveu, até agora, a afrontar – ou sequer contrariar (porventura por receio (?) da habitual escalada alarve e chantagista), para além de algumas muito veladas críticas e inócuas posições.

Posições mesmo a jeito do Jardim – rematará, ufano, o Alberto João!

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