Não menos significativo da desagregação social de que é reflexo o ‘corporativismo póstumo’ aflorado noutro local deste ‘blog’, mas a outro nível, encontra-se a polémica em torno dos escandalosos vencimentos que os gestores portugueses exibem.
Até aqui somos excessivos: a dimensão do escândalo revela-se não só nos astronómicos valores auferidos por uns, como na esperteza manhosa de muitos outros, área em que, como se sabe, somos especialmente competitivos e batemos qualquer concorrência externa. Atente-se, pois:
– Por um lado, nos dados conhecidos sobre o ofensivo estatuto remuneratório de alguns dos designados ‘Gestores de topo’, que fazem deles os mais bem pagos da Europa (!!!!!), a par dos do Reino Unido;
– Por outro, Portugal apresenta-se como o país da UE onde a diferença salarial entre o topo e a base é maior: a relação média é de 32 (a média, não a estabelecida pelos tais ‘Gestores de topo’, essa chega a ultrapassar os 200!!!), enquanto na Alemanha se fica pelos 10 e mesmo a Espanha não vai além de 15 (!);
– E, por último, na informação fiscal de que 6000 gestores de topo declaram auferir o equivalente à remuneração mínima nacional (!!!), subtraindo-se assim ao esforço comum de redução do déficit, a que são tão sensíveis (apenas no paleio, está bem de ver).
Entretanto, a esmagadora maioria do povo pagante assiste, estupefacta mas meio anestesiada, ao espalhafato do regabofe.
Até quando?
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2 comentários:
Meu caro,
É, de facto, um escândalo nacional.
Sem querer, de todo, fulanizar, conheço - e muitissimo bem - um destes "gestores de topo", cujo cartão partidário (do PS) é que o catapultou para as funções que desempenha e que, por onde tem passado ( pois tem saltitado de "poleiro" em "poleiro")a primeira "coisa" que faz é auto-aumentar-se ...
E, a criatura, ainda reclama das enormes prebendas e cinecuras que aufere ...
Este é um tema que dava mesmo para mangas, as relações estabelecidas entre a política e a economia (empresas) é escabroso, mas não é de admirar, o sistema sabe como acomodar as coisas.
O Rui Tavares publicou em Janeiro passado no Público um excelente trabalho sobre este assunto.
Encontra-se também reproduzido no seu 'blog' "Pobre e mal agradecido".
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