Nem sempre estou de acordo com António Barreto, o cronista, o analista, o político, o politólogo, o sociólogo. Não obstante reconhecer a seriedade e até profundidade do seu pensamento (a léguas, portanto, do sr. Gonçalves), encontro-me mesmo muitas vezes em divergência com os seus pontos de vista, nomeadamente sobre aquilo que ele considera relevante.
Desta vez, porém, a sintonia parece completa. Refiro-me ao tema (e à forma de o abordar) da sua última crónica habitual no ‘Público’, aos domingos.
A análise incide no ‘trabalho’ jornalístico dos directos em televisão pelos repórteres destacados para o efeito. Melhor, da total ausência de trabalho nestas peças construídas, as mais das vezes, de ninharias, as mais das vezes também por encomenda (o importante, dizem-lhes, é explorar o sentimento, as emoções, a sensação de ineditismo, afinal é isso que vende), o que se reflecte depois na completa vacuidade do seu tratamento.
E conclui: “O ‘directo’ é o maior incentivo à preguiça que se conhece. Dispensa trabalho e reflexão. Não precisa de inteligência ou estudo. É o que existe de melhor como veículo de emoções, até de histerismo. É finalmente o factor de mutação da notícia em espectáculo(...) e, não sendo “a causa primeira de degradação da televisão, é , sobretudo, a destruição da informação e da inteligência ”.
Eis, pois, o que importa nesta televisão, transformar a vida, os seus pequenos nadas, em espectáculo!
Apesar da recorrência do tema e de todos mais ou menos sentirmos essa estranha sensação de sermos utilizados nesta farsa, vale bem a pena ler o texto (pena não poder aqui fazer a sua ‘ligação’).
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1 comentário:
Também li, e com atenção, o artigo de A.B. Tem toda a razão, sendo que, ainda e muito mais grave, é o facto de haver Jornalistas que querem "ir" num/por determinado caminho - no que aos directos respeita - e, lá, na "régie" as ordens são de/no sentido contrário ...
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