Questionado sobre o ‘novo’ aumento das gasolinas (o ‘enésimo’ quinto ou sétimo, só este ano), o Presidente da Galp respondeu não ter qualquer responsabilidade nesta subida, como aliás nas anteriores, uma vez que isso depende apenas do mercado. E, contra o mercado, nada se pode fazer. A não ser apenas... “esperar que o mercado seja menos severo para quem paga”!
O mercado surge, assim e antes de mais, como realidade abstracta, entidade divina, ‘deus ex machina’ invisível mas omnipresente, que não pode ser afrontado sob pena das piores catástrofes e desventuras. Que tudo explica, que tudo justifica, a que tudo se subordina e cujo poder ora cega, ora confunde.
Confunde, sobretudo, na hora de fazer a distribuição dos rendimentos: para a Galp (e quejandas), milhões, para os seus empregados (e todos os outros), tostões. Discutidos ao cêntimo, sob a tutela (ou cutelo?) do invisível mas omnipresente mercado! E cuja severidade tudo esmaga.
Mas o mercado surge particularmente generoso – nada severo, portanto – para com as petrolíferas que, lá está, sabem aproveitar ‘cientificamente’... as leis do mercado. É por isso que os respectivos lucros nunca cresceram tanto como agora, o aperto severo dos consumidores faz, afinal, a sua fortuna.
Severo para quem paga, generoso para quem cobra...Valham-nos, ao menos, os Camilos Lourenços das televisões deste nosso mundo (mais deles que nosso, é certo), para nos elucidarem, imbuídos de um acrisolado espírito de missão, revestidos de infinita paciência e dispondo de todas as horas necessárias (e de tantas eles dispõem!), a razão de ser desta disparidade. E a razão está, pois claro, no ‘normal’ funcionamento do mercado, emanação 'natural' para estas decisões ‘cegas’ a que inevitavelmente temos de nos sujeitar, dizem, obrigando-nos a pensar que, afinal, não passamos de meros peões sem autonomia nem capacidade para alterar as regras do jogo a que este modelo amarrou as nossas vidas.
De facto, o grande aliado e sustentáculo deste poder (económico) que nos domina é mesmo o poder mediático. Até Almeida Santos o disse – e eu concordo.
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1 comentário:
Meu caro,
O mercado, sempre o mercado …
De facto, ao que assistimos é a uma manifesta conjugação de interesses entre as distribuidoras e, indirectamente, do Estado.
Os lucros da Galp têm sido galopantes e este ultimo aumento,o 15º e/ou o 17º, ocorre, curiosa e precisamente, num dia em que o petróleo até havia baixado de preço nos mercados europeus.
E, depois e como muito "retrata", temos os costumeiros comentadores oficiosos para (nos) explicarem as "cienticifidades" do mercado.
E … viva o mercado !..
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