Mas a história dos ‘liberais enrascados’ não fica apenas por ali.
Esbravejando por tudo quanto se lhes ofereça como areópago publicitário para as suas ideias e pessoas, sabendo do eco que tais alaridos encontram numa opinião pública desorientada, porque fustigada por golpes sucessivos aos seus já muito depauperados recursos, arengam em defesa da tese (nada ortodoxa segundo os cânones liberais), de que o Estado tem de intervir para pôr cobro à imparável escalada dos preços nos combustíveis. Uns mais liberais que outros, é certo, advogam como medidas, ora a redução dos impostos que sobre eles impendem, ora o combate à especulação dos preços. Mas como, sabendo que esta se gera sobretudo no exterior? Ninguém sabe.
Importante mesmo é ficar registado perante a opinião pública que fulano, cicrano ou beltrano, todos liberais convictos de ‘antes quebrar que torcer’, demonstraram denodado empenho ao lado dos espoliados e ofendidos na luta contra este autêntico saque ao bolso do consumidor. A ocasião tanto pode ser proporcionada por uma campanha de candidatos a candidatos à governação (PSD/PC, de Passos Coelho), como fabricada em operação montada, para maior impacto mediático, do outro lado da fronteira (CDS/PP, das duas ‘coisas’). Com voz trémula, embargada pela comoção – “coitadinhos dos pobrezinhos” – balbuciam entaramelados conceitos em torno, pasme-se, da necessidade de reforço do Estado Social!
Ou seja, a coerência na defesa do mercado livre conhece 'apenas' um limite: o dos interesses. Sejam eles económicos, políticos ou meramente de promoção pessoal. Invoca-se (ou exige-se mesmo) a intervenção do Estado sempre que dá jeito uma ajudazinha ao mercado, é que também ele, por vezes, evidencia as suas falhas, demonstra-se manco... Moldam-se, enfim, os princípios à medida dos interesses. Afinal, alguma coisa de novo?
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3 comentários:
Meu caro,
Vergonha ?...
Ora, sabem lá o que isso é ( a vergonha ) estes traficantes de interesses ( sem aspas )…
Veja-se o que se passa, ainda agora, com as intrigas/eleições no PSD.
Pedro Passos Coelho (PPC) proferiu, algures na tournée que faz pelo país, que : “ o PSD tem de mudar de ideias e figuras, caso contrário arrisca-se a perder o comboio da história”
Mas, e, afinal, o que tem para (nos) oferecer este candidato, PPC, um produto da JOTA que, entretanto, licenciado numa qualquer Universidade privada para, e depois, ser devidamente apadrinhado ( por um Padrinho), na circunstância pelo “barão” do PSD, Ângelo Correia, que o “albergou” numa das suas empresas e que, agora, acha que o “Futuro é Agora”.
Mas, com que ideias, que ideias tem PPC, para além, claro, das que estão subjacentes, e tal e como e muito bem é referido na excelente “posta “ :
«... a coerência na defesa do mercado livre conhece 'apenas' um limite: o dos interesses.»
Desde quando, um Estado liberal ou não, deixou de ser uma ferramenta essencial, quando necessária, dos interesses do Liberalismo?
E por outro lado, não será no nosso caso, uma questão da velha cultura Lusitana?
Caro VRMendes,
Até admito que, no caso português, na maior parte das vozes que se levantaram a pedir a intervenção do Estado prepondere o tradicional atavismo Lusitano de dependência estatal. Não é seguramente o caso dos dois figurões referidos, o PC (Passos Coelho) e os siameses PP (Paulo Portas/Partido Popular, ou vice-versa), os mais lídimos representantes políticos do neoliberalismo luso, que o fazem 'apenas' por razões de populismo eleitoralista.
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