
Isso do azar –
ou o que quer que isso, do azar, possa ser – é qualquer coisa que, ultimamente, não tem deixado de me azucrinar; e de que maneira …
Ainda este fim de semana, no remanço da Praia do Ribatejo, um chapéu
- um simples chapéu de palha - fez toda a diferença, ajudando a engrossar o rol dos azares que, pelos vistos, me têm batido à “porta”, teimando, o azar, assim e de uma vez por todas, em não desgrudar …
Depois de um bom almoço de lampreia, nada melhor que um aprazível passeio;
e, assim foi : eu, o Quim, o Manel e o Jorge lá demos “corda aos sapatos” no pressuposto de juntar o útil ao agradável :
- espreitar e desfrutar a sempre luxuriante vistas sobre o Tejo e, claro, acelerar a respectiva digestão …
Porém, eis que, às tantas, o azar
– de novo, o azar – me assola; uma brisa mais afoita de vento - que, este fim de semana e por aquelas bandas, quase não se fez sentir - entendeu “deschapelarme”… e, assim, o meu chapéu de palha – que (me) protegia do radioso e escaldante sol Ribatejano - voa, e desgovernado, e caprichosamente aterra numa propriedade privada, murada, desnivelada da estrada, com uma altura muito respeitável .
Desde logo, perante a “deschapelada”, os meus companheiros de caminhada, solidários, prontificaram-se a proceder ao resgate do meu chapéu para o que, objectivamente, seria condição necessária (?) saltar o respectivo muro.
Eu, lá tentei explicar da total desnecessidade de tal altruísmo (?), pois o chapéu não merecia, de todo, tais e tamanhos riscos, até porque, a montante, poderia existir um acesso muito mais “maneirinho” para, se necessário, proceder ao famigerado resgate.
Mas, pelos vistos, e lamentavelmente, não terei sido de tal modo convincente, pois, e sem que de tal me apercebesse, o Jorge entende, ainda assim e pese a altura do muro, dar o respectivo “salto”; que, e na circunstância, resultou fatídico, e de que maneira, para o Jorge :
- pé esquerdo partido, com fractura exposta …
Ligado ao 112, e enquanto não chegava a ambulância de V.N. da Barquinha, vivenciei um dos mais dramáticos momentos da minha vida, decorrente da minha total impotência em poder e saber socorrer o Jorge que, pelo facto de ser médico, e ainda por cima ortopedista, era o que – entre nós : eu, o Manel e o Quim – apresentava os melhores sintomas de “calmaria”…
Chegada a ambulância, feita a respectiva e necessária “estabilização” da fractura, lá fomos para o Hospital de Abrantes onde, à noite, altas horas da noite, o Jorge foi sujeito a uma necessária e urgente operação … que, felizmente, terá corrido a preceito dado que, no Domingo, por volta do meio-dia, teve alta do Hospital para, depois de um compasso para retemperamento na Praia do Ribatejo, regressar a Lisboa, ao aconchego do lar …
Eis, assim, como um fim de semana que, pela forma como havia (de)corrido o almoço – lampreia bem “regadinha” -, se preparava para ter tudo, mesmo tudo, para ser auspicioso se transformou, num ápice, e por azar (?), num autentico e verdadeiro suplicio …
Eu, por mim, já nem sei o que diga e o que pensar :
- se foi do almoço;
- se foi do chapéu;
- se foi do vento;
- se foi do salto;
- e/ou se foi e é, mesmo, do azar
- o que quer que isso, do azar, possa ser - mas que, ainda assim, teima em (me) perseguir...
Para já, e para o Jorge, os votos de rápidas melhoras !!!