sábado, 6 de setembro de 2008

Regressado de férias? Não. Ainda a recuperar de um trauma...

Ora vamos lá a ver se é mesmo desta. Depois de um longo e forçado interregno, provocado por um previsível, mas nunca desejado (e não acautelado, valha a verdade!) quase terramoto informático caseiro – só quando tal acontece é que nos apercebemos da dependência em que estamos destas novas tecnologias e dos transtornos que provoca qualquer alteração na sua disponibilidade – volto aqui para prosseguir a minha actividade ‘bloguística’ de forma tão regular quanto possível. Ainda que a base tecnológica não seja ainda totalmente estável, já dá, espero, para arranhar qualquer coisa. Certo é que, entretanto, mais pelo desgaste mediático a que foram sujeitos, do que por perda da sua actualidade (que a maioria deles ainda conserva), perdi a oportunidade de abordar, com o desenvolvimento que mereciam, alguns assuntos bem interessantes que ocorreram neste período.

Foi o caso da ‘Guerra da Geórgia’ e de toda a envolvente diplomática que a rodeou, sobretudo com o episódio ocorrido, já depois de terminada, da declaração de independência unilateral das duas províncias separatistas, a Ossétia do Sul e a Abecázia, seguida do imediato reconhecimento por parte da Rússia, sob pretexto do precedente aberto com o Kosovo. Afinal, depois deste, quem se atreve a atirar a primeira pedra? Os principais fautores do Kosovo, com Rice e Merkl à cabeça, bem se esfalfam a bramar que os dois casos não são iguais. Mais avisado, neste caso, o Amado (lusitano) vai dizendo que é possível estabelecer o paralelismo. Vamos ver é até quando consegue ‘destoar’ dos que regem a orquestra!

Mas foram dois acontecimentos recentes ocorridos na América Latina – a tomada de posse do ex-bispo Fernando Lugo como Presidente do Paraguai e a confirmação referendária do Presidente boliviano Evo Morales – que sobretudo importaria destacar, pelo reforço que representam do aprofundamento do movimento de emancipação da tutela, económica e política, do poderoso vizinho do Norte. A avaliar pelo que passam diariamente Chavez, Morales ou Correa (do Equador), a tarefa de Lugo não se apresenta nada fácil, nomeadamente quando decidir empreender a já anunciada reforma agrária (1% da população controla 77% das terras!), na tentativa de resgatar um país em que cerca de 40% da população é pobre (20% em pobreza extrema). Não tenho dúvidas que, se (e quando) essas medidas começarem a ser postas em prática, a comunicação social “normalizada” (ou seja, quase toda) de imediato se levantará indignada, apodando o novo regime de populista, pré-ditatorial,...

Ou então podia ainda dar-me para aqui trazer, mais uma vez (oportunidades não faltaram!), alguns dos meus particulares ‘ódios’ de estimação: da banalidade do pensamento da Teresa Caeiro, à boçalidade do comportamento do Jardim, ou mesmo ao já muito vergastado e cada vez mais descorado ‘boneco’ do Pinto da Costa (nas palavras do próprio).

O Verão tem destas coisas. Misturam-se assuntos sérios, com os minúsculos dramas de trazer por casa, grandes convulsões e a expectativa de profundas mudanças, com uma simples alteração dos hábitos rotineiros e aburguesados. O que, de algum modo, acaba por me transmitir a medida das dificuldades que enfrentam as inadiáveis mudanças que as sociedades – e o planeta – exigem. Porque tocam nos comportamentos e nos hábitos adquiridos!

Mas aguardemos então por novas oportunidades de temas para abordar. Não faltarão, decerto, no Outono que já se anuncia.

2 comentários:

José M. Sousa disse...

Sobre a Georgia, noticia do Financial Times de hoje:


http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1341838&idCanal=11



http://www.ft.com/cms/s/0/bdffd9a6-7b71-11dd-b839-000077b07658.html

Carlos Borges Sousa disse...

Carissimo,
Registo, e com natural agrado, a recuperação "traumatica" que, pelos vistos e pela lucidez da postagem, não deixou quaisquer traumas ...