Não resisto a transcrever, com a devida vénia, um comentário a uma posta do Daniel Oliveira, no ‘Arrastão’, a propósito das declarações recentes de Daniel Bessa – tido como de esquerda porque, um dia, fez parte, durante uns meses, do governo do ‘esquerdista’ Guterres! – defendendo a privatização da Saúde e da Educação como forma de resolver a crise da dívida (!):
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» José Saramago – (Cadernos de Lanzarote – Diário III – pag. 148)
«Passávamos já à última fase, não? O resto está mais ou menos feito», conclui o comentador.
Sob pretexto de pretender resolver ‘a crise da dívida’, o capitalismo, perfilado por trás de um neoliberalismo cada vez menos escondido nos seus propósitos, perdeu toda a vergonha e deixou de disfarçar. O objectivo é mesmo, já ninguém o contesta, a destruição do Estado Social! Prepara-se o ataque final ao que resta dos serviços públicos – pelo menos os que, explorados até ao cêntimo, garantam alguma margem de valor, algum lucro! Irá sobrar ainda alguma coisa? Ou, dito de outro modo, alguma coisa que gere valor consegue escapar às leis do mercado, à fúria do lucro?
E ainda isto, como se explica?
Há 3 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário