terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Estatuto dos Açores e as questões de principio de Cavaco Silva …

Cada vez tenho menos dúvidas que Cavaco Silva é bem mais eficaz com a “gestão” de tabus, dos seus tabus, do que com a “produção” de pensamento(s) que, para além do óbvio, pouco ou quase nada se conhece de Cavaco, que nos é “vendido” à exaustão como insigne professor, como conceituado académico, não se conhecendo, contudo, de Cavaco Silva, uma qualquer obra, um qualquer pensamento digno de registo ...
Aliás, diga-se e em abono da verdade, que chegou onde chegou, a Presidente da República, mais pelo que não “disse”, do que propriamente por quaisquer compromissos assumidos; a não ser, claro, com quem o apoiou e financiou…
Cavaco Silva, a quem alguém, um dia e com muita felicidade, etiquetou de “Esfinge” é assim mesmo :
não gosta de se comprometer !..
Desta feita, porém, Cavaco Silva, qual “Esfinge” e em queda nas sondagens, entendeu falar ao país, aos portugueses, em jeito de “conversa em família”, para (nos) explicar da sua contrariedade quanto à promulgação do “Estatuto dos Açores”.
Como Português, nascido nos Açores, entendo que esta atitude do senhor Presidente da República de explicitar a sua derrota política no que concerne ao “Estatuto dos Açores” - (em)prestando a ideia que, com esta promulgação, “abala o equilíbrio de poderes e afecta o normal funcionamento das instituições” e, ainda, que “a qualidade da nossa democracia sofreu um sério revés” - não dignifica a Autonomia e tão pouco o cargo que exerce.
O senhor Presidente da República está muito preocupado com a diminuição dos (seus) poderes porque – imagine-se – no Artº 114 do “Estatuto dos Açores” terá, a partir de agora, e em caso de dissolução da Assembleia Regional dos Açores, que ouvir o Presidente do Governo Regional e o Presidente do Parlamento Açoriano e, ainda, porque o Artº.140 impede que a Assembleia da República tome qualquer iniciativa quanto à revisão do Estatuto, o que caberá em exclusivo aos deputados Regionais dos Açores.
Cavaco Silva, com esta atitude só demonstra a sua vertente “centralista”, de total desrespeito pela Autonomia na linha, de resto, do que já havia manifestado, de facto e de direito, quando, desgraçadamente para o País, foi primeiro-ministro …
Agora, promulgado o “Estatuto dos Açores”, a Região vê finalmente reforçada a sua autonomia e a competência dos Órgãos Regionais.
Por muito que isso possa “custar” a Cavaco Silva.
Quanto a Cavaco : Senhor Presidente, não havia necessidade !..
É que, assim, o senhor "comprometeu-se" : sabia ?..

3 comentários:

Anónimo disse...

Está um mimo ... adorei!!!

Anónimo disse...

Também não me restam quaisquer dúvidas de que o principal responsável por esta crise forjada (ou forçada?) foi do Cavaco, que propositadamente a provocou e lhe atribuiu inevitável carácter político. Foi ele e mais ninguém que arrastou esta discussão do domínio jurídico para o domínio exclusivamente político, ao evitar colocar as normas de que agora se queixa (e atrás dele um coro de vestais ofendidas – de repente, como sempre nestas ocasiões, o país enxameou-se de constitucionalistas!) ao Tribunal Constitucional, logo na primeira vez que para aí remeteu o diploma, para averiguação da legalidade de outras normas – que não estas, agora erigidas em pomo de discórdia.
Porque o não fez então? Eis o grande mistério! Que talvez venha a ser revelado em próximos episódios, vamos estar atentos, então.
Ao desencadear esta guerra (se inútil, é o que veremos), a resposta só podia também ser do mesmo nível, política, portanto. Foi o que aconteceu. De que é que se queixa? De que se queixam todos os comentadores encartados desta nossa mais que tristonha praça mediática?
Um Bom Ano!

Anónimo disse...

Tens toda a razão.
Cavaco Silva está muito preocupado com os Açores mas nunca se mostrou minimamente preocupado com a Região da Madeira onde a qualidade da democracia, a violação de alguns direitos constitucionais são constantemente violados.
Quanto a isso silêncio absoluto de Cavaco Silva que é muito mais que uma esfinge. Cavaco Silva é politicamente um Cobarde.
Votos de BOM ANO.
FCA