terça-feira, 10 de novembro de 2009

A insustentável leveza do (nosso) ser …

Ora, se a corrupção é um problema, um grande problema que mina e corrói a democracia, mui provavelmente este problema não pode(rá) ser resolvido pela mera retórica discursiva como, e de resto, se vem verificando por parte dos partidos do sistema e, muito em particular, pelo PS.
É um lugar muito comum ouvir-se que “à politica o que é da politica e à justiça o que é da justiça”.
O problema, o grande problema é que cada vez mais é difícil separar a justiça da politica e/ou a politica da justiça.
O que é naturalmente grave e motivo de múltiplas e sérias preocupações.
Eis um exemplo caricato que tipifica, de forma clara e inequívoca esta “confusão” entre a politica e a justiça e/ou vice-versa; desta feita, devidamente explicitado ao Jornal “I” ( pode ler-se na primeira página de hoje ) pelo senhor procurador-geral da Republica :
- na última semana de Junho, enviou para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça duas certidões extraídas do Processo Face Oculta e está a avaliar o envio de outras oito.
- no dia 3 de Setembro, Noronha do Nascimento ( Presidente do Supremo Tribunal de Justiça ) decidiu sobre as duas primeiras, onde estarão incluídas as conversas entre o primeiro-ministro e Armando Vara.
Hoje, dia 10 de Novembro, finalmente, o Supremo Tribunal de Justiça diz que as escutas são nulas.
Mas, então, porquê só agora ?..
É que, e assim, como é que vamos a-c-r-e-d-i-t-a-r na Justiça !!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro,
Pelos vistos lá continuas com o teu romantismo militante. E ainda bem: acrescento ...
Mas tens alguma duvida que a justiça em Portugal está devidamente moldada por forma a dar cobertura aos mais poderoros ?
É o que se tem visto a olho nu.
O tempo da justiça é o que se vê e assim lá vão prescrevendo multiplos processos.
E o problema é que se saiba não existem responsáveis para toda esta trpalhada.
Mais uma vez, e neste caso da Face Oculta, lá vai estar uma virgula a mais ou então a menos que lá tratará de compor o ramalhete acabando, mais uma vez por ficar tudo na mesmo. IMPUNE.
Oxalá esteja redondamente enganado.
Cumprimentos.
LA

Carlos Borges Sousa disse...

Caro Anónimo,
Não se trata de romantismo(s) mas, outrossim, de uma constatação objectiva.
A justiça, sendo um dos pilares fundamentais da democracia, pratica-se – como se vê, lê e ouve – muito mal em Portugal. Culpa de quem ?
Em meu entender existem, de facto, autores e actores materiais para que a “coisa” da justiça tenha chegado a este ponto. E porque considero que é também, a justiça, um problema de politica(s) que tenho que censurar a praxis de certas partidos e, em particular e sobretudo depois do “pacote legislativo” Cravinho, o PS…
Manifestamente, decidindo como decidiu, não houve vontade politica para dar um salto em frente. O discurso institucional do PS é que não há soluções fáceis para o problema do combate da corrupção.
Se, e para tal, não há soluções fáceis pois, então, que apresentem as soluções difíceis.
Se, de tal e para tal, forem capazes;
hoje, porque amanhã já é tarde..