O fim das directas no PSD
A eleição de Manuela Ferreira Leite (MFL) para a liderança do PSD, para além de todas as análises e interpretações sobre os resultados, vai com certeza obrigar a ajustamentos na política caseira. As suas recentes declarações em defesa e reforço do Estado Social não podem deixar indiferentes os sectores governamentais mais envolvidos, que vão ter de reagir e adaptar-se em conformidade. Apesar das declarações habituais do inefável porta-voz do PS afirmando que nada se alterará no comportamento do Governo. Sócrates tem razões para estar mais preocupado mas, ao mesmo tempo, também mais seguro. Contraditório? Nem por isso.
Mais preocupado, porque há que reconhecer que, das 4 candidaturas, venceu a mais competente, a mais consistente, a mais rigorosa. Independentemente do valor que se atribua ao seu programa político, por certo desconhecido da maioria das pessoas, a começar pelas que a elegeram, as referidas declarações sobre a situação social do País ameaçam ultrapassar pela esquerda o governo socialista, dito de esquerda. Sócrates pode esperar, pois, uma oposição mais organizada e encarniçada – até porque as eleições aproximam-se. Os crónicos ‘barões’ do PSD vão cerrar fileiras, na sua esmagadora maioria, em torno da candidata agora eleita, investindo sobretudo no descontentamento social, que é crescente e ameaça tornar-se incontrolável.
Mais seguro, porém, porque as afinidades entre ambos, em termos de personalidades, de práticas políticas e até ideológicas, torna-os tão próximos e tão iguais que, não obstante a áurea de seriedade e rigor com que se apresenta, MFL constitui o risco menor para Sócrates nas próximas eleições. A menos que os disparates, as sobrancerias e a presunção de alguns dos ‘notáveis’ do PS (o equivalente aos barões do PSD) se acentuem nas hostes socialistas (o que não é de excluir).
Quanto ao trajecto dos restantes candidatos agora derrotados, já deu para ver que, Passos Coelho, o ‘social-democrata-liberal (?) de plástico’, sósia do ‘socialista de plástico’ Sócrates, (como o definiu Manuel Alegre), vai ficar na expectativa, à espera de nova oportunidade, porventura a acontecer no rescaldo das eleições legislativas do próximo ano.
O Santana passou, como era de prever (começa a ser repetitivo), da euforia do ‘menino guerreiro’ à depressão do ‘menino amuado’ (ou ‘embezerrado’). Diz ele que vai continuar a andar por aí a lutar pelo seu projecto político. Alguém conhece um ponto que seja deste profundíssimo e pelos vistos ultra-secreto projecto? O mais estranho (ou talvez não) é que, na alternância destes estados de alma e apesar da vacuidade que caracteriza a personagem, vai ter a comunicação social do costume aos seus pés, no encalço de qualquer gesto, trejeito ou meneio que possa provocar ou bulir com o histerismo dos indefectíveis ‘santanistas’, raça similar aos não menos pressurosos ‘jardinistas’. Certo, certo, é que a política portuguesa já não passa sem estes dois chatos do caraças. Sorte macaca a nossa.
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2 comentários:
Meu Caro,
Para não variar, mais uma excelente reflexão …
Penso que a eleição da D. Manuela é o pior que poderia ter acontecido a Sócrates.
Acho, no entanto, que o mentiroso do Sócrates tem todas as razões para, e neste momento, estar muito mais preocupado que “seguro”… e por algumas razões :
- por um lado, porque com esta eleição, da D. Manuela, o mentiroso do Sócrates tem, no PSD, alguém que, e no essencial, não tem qualquer diferenciação substantiva do ponto de vista ideológico; as diferenças, muito poucas, são mais quanto à forma e aos timings; no todo o mais são : iguais; e “isto” só pode(rá) acarretar problemas ao mentiroso…
-por outro lado, as indicações das sondagens quanto à consolidação do BE e do PCP nas intenções de voto que, a materializarem-se, retirarão, objectivamente, a maioria absoluta ao PS é, também, um motivo de preocupação para o mentiroso …
- o Presidente da Republica, este, não quererá, certamente, que ao longo do seu mandato haja conflitualidade(s); e pese embora ter sido, no sem “tempo”, contra o “bloco central” tudo fará, estou certo, para proceder, sem quaisquer escrúpulos, à sua reedição; ou seja : se o PS, como se espera, não detiver a maioria absoluta terá, inevitavelmente, que proceder a alianças. Com quem ?...
Só pode(rá) ser com a direita, e com o PSD dado que o CDS está em vias de “extinção”, uma vez que com a Esquerda, e por esse “andar”, a questão não se pode, nem deve colocar..
- finalmente, o mentiroso do Sócrates, não está a conseguir “digerir” as acções de rebeldia que, feliz e finalmente, estão a ocorrer no PS; aquilo que, dantes, se fazia à calada e por trás das cortinas, não pode ser mais ignorado.
Assim, o “AQUI e AGORA” de amanhã, no Trindade, pode(rá) ser, como sinceramente espero, o principio do fim do ex- futuro Secretário Geral do PS; o mentiroso José Sócrates
Queria, naturalmente, dizer : futuro ex-Secretário Geral do PS
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