O recente encontro ‘Agora Aqui’ que juntou socialistas históricos (Manuel Alegre e outros), bloquistas e renovadores comunistas, tornou inevitável, mais uma vez, o debate sobre o que é ser de esquerda e ser socialista. A aparente convergência de vontades com origens e percursos tão diversos, mesmo que todos reivindicando-se de socialistas, em torno de uma área tão sensível como é a das desigualdades sociais – afinal aquilo que na mentalidade comum e na ideologia corrente mais distingue a esquerda da direita – só podia mesmo suscitar manifestações polémicas e interpretações díspares.
Desde logo pelas reacções crispadas oriundas das cúpulas do PS, a propósito da participação (qualificada, note-se, enquanto promotor) de um militante socialista tão destacado quanto o é Manuel Alegre. Alguns viram nisso um sinal de traição, outros apressaram-se a desvalorizar o gesto, a maioria, estou certo, assistiu a tudo entre a perplexidade e a indiferença. Todas estas atitudes, só por si, dão já bem a ideia das múltiplas diferentes ‘sensibilidades’ que se conjugam num único partido que é, ele próprio, uma federação de esquerdas. Refira-se, entretanto, que para além de todas as tendências citadas, as esquerdas ainda compreendem uma outra importante facção, a que se filia no Partido Comunista, tradicional e ortodoxo, que não participou no referido encontro.
Perante tanta variedade de partidos e tendências no seio das esquerdas, reflectindo divergências ideológicas e objectivos tão díspares, parece oportuno e pertinente colocar aqui a questão de se saber o que afinal as une, por um lado, e o que as divide, por outro. Este encontro torna-se assim particularmente significativo, pela oportunidade que proporciona à tomada de uma maior consciência dos pontos de união e de divisão da esquerda, no início do Séc. XXI, em Portugal e no mundo.
(...)
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1 comentário:
Meu caro,
E, para não variar, mais uma oportuna e pertinente reflexão à qual,com mais e melhor tempo - que não, e desta feita, o climatérico -
irei "voltar" sendo que, e para já, a questão essencial é, mesmo e como refere : «...o que afinal as une, por um lado, e o que as divide, por outro.»
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