Ninguém acredita que vão ser os
madeirenses – os principais ‘beneficiados’ pelo regabofe financeiro agora
declarado, mas há muito adivinhado – a punir, por via política (nas eleições
regionais), os desmandos dessa espécie repugnante alapada nas suas costas, que
dá pelo nome de Jardim. A teia urdida pela criatura ao longo de mais de três
décadas (!!!) criou um tal mimetismo de interesses com a base eleitoral que o
tem sustentado, que não se perspectiva alteração significativa daí decorrente.
Nem seria justo transferir tal responsabilidade para os eleitores madeirenses.
E, sobretudo, tão pouco esta constituiria uma saída decente para a enorme
trapalhada em que aquele acaba de colocar o país, já de si a braços com problemas de
sobra para agora ter de suportar a chacota do mundo – e as inevitáveis
penalizações de Bruxelas! – pela imagem de trapacice engendrada com a sonegação
das dívidas.
De igual modo, ninguém está a ver
o actual poder nacional, dominado pelo PSD, tomar qualquer medida radical,
levando ao corte do apoio político partidário e entregando o farsante à sua
própria sorte. E esta até era, na verdade, uma boa oportunidade para Passos
Coelho se afirmar como político de visão, nem é necessário aqui invocar sequer
a coragem. Poderia até ser o momento de se assumir como um político a sério,
capaz de decidir com firmeza contra os seus aparentes interesses imediatos, de
largar aquele ar agaetado de menino da escola que decorou a sebenta (a famosa
cartilha neoliberal!). E granjear-lhe-ia, para o futuro, talvez o lastro de
crédito que agora lhe falta, levaria até o PSD a redimir-se, de algum modo, do
conluio tecido ao longo dos anos com a pantanosa situação da Madeira. Mas não é
crível nem expectável que tal venha a acontecer.
Do lado da ‘oposição’, até agora
as declarações proferidas indiciam encontrar-se mais empenhada em cavalgar a
onda provocada pela trapacice agora descoberta, capitalizando o incómodo
causado entre os próprios eleitores madeirenses e aproveitando eventuais
deserções das fileiras do actual poder, do que em afirmar uma clara alternativa
ao clima de impunidade instalado. Ou a repisar as mesmas estafadas frases e
slogans de anteriores campanhas – agora exibindo o ar triunfante que o
finalmente escancarado buraco financeiro lhes permite.
A verdade é que não sobram os
meios de punição exemplar a causticar a contumaz calacice – de carácter penal
ou mesmo cível, a multa aplicável de 25000€ é até ofensiva para o tamanho dos
danos causados (económicos e sobretudo políticos) e a continuada desfaçatez
deste avantesma – pelo que não pode excluir-se o recurso a processos mais
radicais. Sem risco de eventuais efeitos nefastos colaterais virem a tornar
ainda mais difícil a vida dos já de si muito penalizados madeirenses, a boa
maioria deles desde sempre arredados das propaladas benesses do ‘jardinismo’.
Resta, pois, proclamar com
indignação: basta de gozo! Pois se os madeirenses aceitam – porque lhes
convém ou são incapazes de o sacudir – o jugo do Jardim, esgotadas as alternativas (e a paciência!), apenas resta a
solução, tantas vezes por ele agitada como chantagem, de se encarar a ‘independência
da Madeira’. Obviamente através de referendo nacional, com todos os
‘sacrificados’ a poderem pronunciar-se, não apenas os supostos ‘beneficiados’
autóctones. Se esta for a única forma de meter o Jardim da Madeira e a
respectiva clique ‘jardinista’ (com os prolongamentos existentes no
‘contenente’) na ordem,... porque não?
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