terça-feira, 26 de abril de 2011

O (nosso) fado ...


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segunda-feira, 25 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mudar de vida

De repente parece que acordámos para uma realidade que considerávamos afastada, como integrantes do Euro, esse 'clube de ricos e famosos' acima de qualquer perigo ou risco. Havíamos encetado um modo de vida em tudo igual aos dos ditos países tradicionalmente ricos, adquirido hábitos de consumo próprios dos mais abastados, os indicadores de bem estar económico do País ombreavam já com os do topo das tabelas dos mais afortunados. De repente, porém, começam a acusar-nos de consumo excessivo, de esbanjamento de recursos (à mistura com insinuações de corrupção), de gastarmos acima das nossas posses, a apontar-nos como mau exemplo de gestão financeira, de ultrapassarmos perigosamente a capacidade de endividamento.

Durante largos anos, esses acusadores beneficiaram de um modelo de consumo assente no crédito e endividamento crescentes (do Estado e das famílias), prosperaram à custa do inebriamento consumista que dolosamente fomentaram (por forma a compensarem os débeis recursos das famílias) e lhes serviu para alimentar a sua abundância e prosperidade. Sabendo até – uns e outros, valha a verdade – que este modelo iria encaminhar-se, mais cedo ou mais tarde, para o desfecho agora provocado.

À parte a mistificadora pretensão de se tentar meter tudo no mesmo saco com o habitual tratamento do ‘todos nós’ (fazendo crer numa pretensa responsabilidade colectiva e na necessidade de uma igual repartição das restrições), é óbvio que eles acertam quando dizem que estamos a gastar demais, que consumimos acima das nossas possibilidades. É verdade – ‘nós’ e ‘todos os outros’! Ao falarem assim, contudo, pretendem dizer que ‘só nós’ (Portugal) devemos reduzir os níveis de consumo para o deles não correr riscos, que devemos pôr as contas em ordem. À custa, claro, de apertos generalizados que afectam sobremaneira quem já dispõe de menos recursos. Trata-se, naturalmente, apenas de uma parte do problema, a menor na equação global que importa aqui resolver, pois os credores são co-responsáveis pelo descalabro!

Que há diferenças de produtividade? Que uns produzem mais do que outros? É verdade, mas hoje já poucos têm a coragem de afirmar que tal se deve a atávicos vícios de preguiça, que atingiria mais uns países que outros, a maioria já percebeu que o problema se encontra sobretudo ao nível da gestão e organização do trabalho (a par de outros factores, é certo, como a disponibilidade de recursos naturais; ou o modelo de especialização produtiva – que diferencia a Alemanha de Portugal, por exemplo), também aí as receitas que propõem penalizam o lado errado da equação, pois os gestores – os verdadeiros responsáveis pela diferença da produtividade – por uma bizarra teoria de equalização de competências, pagam-se por igual seja qual for a produtividade do sítio em que operam. Quem realmente acaba por pagar essa diferença são os produtores que, afinal, trabalham o mesmo aqui ou na Alemanha – se em condições de organização idênticas.

Todos, afinal, pretendem ignorar o aspecto essencial: deveríamos consumir menos, reduzir o esforço sobre os recursos do planeta. Mais uns do que outros, como é óbvio, porque nesta alhada para onde cada vez mais a Humanidade foi empurrada, a responsabilidade não se distribui de igual modo. Há estratos populacionais (para falar na linguagem cara ao sistema) que mantêm um nível de consumo e sobretudo de desperdício verdadeiramente excessivos, senão mesmo criminosos – o estado a que se chegou autoriza (e impõe) cada vez mais falar-se nestes termos.

Alterar este modo de vida, eis o grande desafio. Reduzir o consumo, evitar o desperdício, travar o crescimento económico, são conceitos anatemizados pelo sistema e, seguramente, pelo comum das pessoas e até a generalidade dos técnicos. A lógica do mercado assim o impõe, pois outro modo de vida iria pôr em risco o princípio que o sustenta e lhe dá sentido, a acumulação contínua. A sobrevivência do sistema, contudo, é feita à custa da delapidação incontrolável dos recursos, da sobrevivência do planeta. Custa a crer a cegueira que empurra a Humanidade para um anunciado abismo, sem capacidade de reacção para lhe pôr termo!

Mas isso já só irá acontecer quando não houver fuga possível, quando as condições assim o obrigarem – quando, provavelmente, for já demasiado tarde!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Presidente ou Notário?

O ‘argumento’ e desfecho, há muito anunciados, da mais recente fase da interminável saga da crise global em que nos meteram – o pedido formal de resgate à UE/FMI – teve no inusitado ‘apagão’ ocorrido em Belém um dos seus momentos de eleição. Se não o mais relevante, seguramente um dos mais significativos. A merecer, ainda assim, tímidos protestos nas inúmeras referências dos comentadores de serviço – por pudor, conivência ou receio de melindrarem a instituição!

Tanto no auge da crise política que culminou com o anúncio desse pedido de resgate, como já depois na indispensável gestão do que se lhe segue, por várias vezes as atenções se voltaram para Belém na expectativa de uma palavra, de um gesto, de uma orientação. Afinal, aí reside o único poder unipessoal de toda a estrutura administrativa, capaz, em teoria, de congregar esforços e ultrapassar querelas partidárias. Mas ‘o homem do poder’ manteve, sobre todas as expectativas mais optimistas (os realistas já nada esperam!), a pose hirta e ausente de quem paira sobre os problemas. Com direito até a justificações teóricas de tipo institucional para tal atitude por parte dos seus indefectíveis (‘reserva da nação’, dizem!), malgrado o desconforto evidente com que o tentam fazer!

Na avaliação de tão bizarro comportamento não pode deixar de se cotejar a história dos casos similares ocorridos nas anteriores presidências, todas elas confrontadas com situações idênticas (e bem menos gravosas, pelos vistos). Perante impasses políticos de alguma monta, Eanes decidiu avançar com os designados ‘Governos de iniciativa presidencial’ – e foram três! A Soares coube decidir a recusa de uma solução governativa maioritária e avançar para eleições antecipadas – contra a opinião do seu próprio partido! Sampaio, que havia, num primeiro momento, afrontado o seu próprio partido empossando um governo atípico ainda que legítimo – decidiu depois dissolver a Assembleia e provocar novas eleições.

Na que é considerada a maior crise política das últimas décadas, porém – em resultado de uma grave crise económica e social – ‘este’ Presidente da República, aparentemente (e as aparências aqui fundem-se com a realidade) alheou-se da função e das suas circunstâncias, preferiu deixar correr os acontecimentos, ‘jogando’ (?), porventura, na anulação mútua dos dois principais protagonistas e opositores (entre si e contra si – será este o sentido da sua ‘magistratura activa’?). Quando confrontado (e foi-o várias vezes) refugiou-se nos habituais compromissos burocráticos, esteve ausente das decisões que entretanto houve necessidade de serem tomadas, passeou a sua aparente indiferença pelo País e perante as pessoas. Esperar-se-ia, no mínimo, um sinal, um vislumbre de comando, de que alguém tinha a situação sob controle,... Mas dali, decerto, não!

Este episódio, porém, apenas corrobora e se insere na lógica de actuação da personagem. Cavaco mantém-se igual a si próprio, evidencia a mesmíssima postura que teve perante a provocação do impertinente (ou boçal?) presidente checo: apático, sem reacção, sem saber o que fazer, acossado pelo atrevimento do opositor (agora por graves acontecimentos),... Depois da vergonha que foi esse episódio, quem ainda ousa alimentar expectativas sobre o que possa vir a fazer, em momentos de crise e de verdadeiro aperto, o ‘nosso’ recém eleito ‘homem do leme’?

Um Presidente, objecto de escrutínio universal, para intervir apenas nos actos de registo... não passa de uma inutilidade cara!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sobre a crise do trabalho – III

A ‘classe’ dos ‘working richs’

É com a actual crise global e o inevitável aprofundamento das clivagens sociais que o domínio das políticas neoliberais foi segregando que se atinge uma consciência mais aguda e mais generalizada do grau de desigualdade existente nas sociedades actuais. E a linha de demarcação passa, uma vez mais, pelo trabalho, (1) antes de mais, entre os que o têm e os que dele foram excluídos (não interessa agora saber as razões múltiplas para tal situação), (2) depois e sobretudo, dentro dos que o têm, entre produtores/operacionais e executivos, entre a produção e a gestão (aqui se incluindo uma boa parte dos quadros, técnicos e dirigentes, que a prepara e executa). Aprofundam-se, pois, as disparidades dentro do trabalho assalariado, de onde emerge uma elite disposta a tudo para garantir privilégios alcançados. Toda a lógica da ideologia neoliberal se constrói então em torno dessa selecção e da enorme massa de precários que daí resulta – e a sustenta!

Não admira, pois, que seja nessa classe dos ‘WR’ que o sistema recruta a base ideológica que o suporta, constituída pela plêiade de comentadores que todos os dias se (nos) entretém a massacrar a nossa paciência. Ou pela cabalística seita dos analistas de ‘rating’, detentores de misteriosos poderes que lhes permitem continuar a reger a crise que desencadearam – e desse modo a ditar o destino dos países! Que, em tal contexto, se desunham na defesa encarniçada da tese da inevitabilidade do mercado e na matemática das vantagens de este actuar livre de condicionalismos e constrangimentos, pois, afiançam, só o funcionamento automático do mecanismo garante a sua máxima eficiência – pudera, a sua prosperidade assenta na defesa do ‘status quo’! Que debitam a teoria das falhas de mercado, atribuídas à intromissão do Estado na economia, aos excessos do Estado Social,... – com enorme descaramento, sublinhe-se, atentas as intervenções de resgate deste na fuga ao descalabro (ou salvação) do sistema!

Mas não é só no plano ideológico – e, bem entendido, na sua extensão objectiva à liderança da economia, habilmente orientada em proveito próprio – que os ‘WR’ se esmeram e fazem por se distinguir! É sobretudo no plano dos valores que a ‘sua’ tão acrisolada defesa das virtudes do liberalismo económico mais se faz sentir. E aí não creio, a avaliar pelos efeitos práticos mais visíveis da actual crise, que a evolução dos últimos anos tenha sido para melhor, bem pelo contrário. A valorização do individualismo liberal sobrepõe-se à solidariedade social, a prevalência do ganho imediato e fácil ao resultado do esforço sedimentado, a competição agressiva sobre a cooperação solidária, a eficácia que justifica o desperdício irresponsável sobre a sustentabilidade ambiental, a especulação financeira sobre os hábitos de poupança e frugalidade, a ostentação à moderação...

De tudo isto resulta então que não só os ‘WR’ se servem da ideologia para proveito pessoal, como ainda (e ‘pour cause’) a sua acção, decisiva na condução dos destinos do mundo, tende a reduzir o futuro à dimensão das suas ambições pessoais, ao descalabro. Custa a crer, com um tão elevado número de ‘alternativas’ em espera (muitas já a caminho de uma forçada emigração), ainda subsista, por vezes, o estranho argumento do ‘risco de fuga de cérebros’(?) para justificar tão elevadas remunerações.

Pois que fujam então, todos sem excepção, se o que os move é apenas ‘competir por altos salários’! Os resultados dessa ‘abjecta competição’ confundem-se com os da própria crise, pois constituem uma das causas do desastre financeiro que a ela conduziu. Não satisfeitos, procuram agora desesperadamente a salvação no cínico apelo à ‘união nacional’ de esforços, procurando fazer passar a ideia de uma merecida expiação colectiva – porque, dizem, todos têm (as mesmas) culpas no descontrole a que a situação da ‘dívida externa’ chegou!

O descaramento de quem assim procedeu e, alijando responsabilidades, agora sente ter condições para voltar a defender as mesmas receitas, parece mesmo não ter limites! Pior é não se ver no horizonte próximo quem lhes possa pôr freio! – não obstante tímidas (?) tentativas em contrário: o caso da Islândia, o processo às agências de ‘rating’,...

domingo, 10 de abril de 2011

Sobre a crise do trabalho – II


A extensão das desigualdades


O aspecto mais vulgarmente destacado do actual processo de globalização pode muito bem ser o impressionante aumento da riqueza, gerado por efeito da intensificação das relações comerciais e – comprovou-se agora da forma mais dramática – das habilidades criativas de uma gestão financeira sem controle, responsável para já pela destruição de um colossal volume de recursos à escala global.

A crise do ‘sub-prime’, inicialmente passível de ser confinada a um sector específico (imobiliário) e a uma determinada zona do globo (EUA), como já o fora noutras situações e ocasiões (Japão, Extremo Oriente, América do Sul,...) – à partida, portanto, de uma dimensão relativamente modesta à escala planetária – teve o condão, desta feita, de pôr a nu as vulnerabilidades de um sistema financeiro, construído sem freios nem regras, por uma autoproclamada elite de gestores apenas empenhada na maximização do seu proveito pessoal imediato. Capaz de soçobrar na voragem de uma qualquer crise periódica, como a referida, não fora a intervenção e os apoios financeiros maciços dos sempre muito denegridos Estados terem evitado – à custa dos recursos públicos, registe-se – a sua mais que certa e eminente derrocada.


Apenas na aparência, portanto, a riqueza gerada por ‘este’ processo de globalização (de total supremacia do poder financeiro sobre o comercial) consegue evidenciar mais do que realmente é: uma enorme bolha pronta a rebentar à primeira contrariedade, incapaz de resistir ao tempo e às intempéries, tanto as naturais (muito por efeito do desgaste rápido a que os recursos estão a ser sujeitos), como as provocadas por esta liderança que acoberta a acção que desenvolve, essencialmente orientada para o interesse pessoal, na ideologia de um pretenso liberalismo político, posto que reduzido aos seus aspectos económicos.


O que decerto não desaparecerá tão cedo é a desigualdade extrema que resulta de tal processo – e o prolongamento dos seus efeitos na coesão social e na própria democracia. Assiste-se a uma gradual transferência de rendimentos entre países (Norte-Sul), entre grupos sociais e classes profissionais dentro do mesmo país, contribuindo para o aumento, sem paralelo na história do capitalismo, das desigualdades de rendimentos.


Hoje, com a experiência dramática da crise em fundo, já é comum ouvir dizer-se que a globalização, em lugar de contribuir para atenuar as diferenças existentes, acentuou o fosso entre ricos e pobres, como o próprio Secretário Geral do FMI ainda recentemente o admitiu. Este responsável máximo de tão insuspeita organização foi mesmo mais longe ao considerar que à "mundialização do comércio" – normalmente "associada a uma queda das desigualdades" – opõe-se uma "mundialização financeira, que as acentua". Que apenas vem corroborar o que já toda a gente sabe: o enriquecimento de uns poucos é feito à custa da pauperização da maioria.


A severidade da crise e, a pretexto dela, a profundidade da austeridade, acentuaram este confronto, aparentemente contraditório com o quadro de restrições que, numa democracia, seria suposto dever impor-se à generalidade dos cidadãos. Ao lado de privações extremas, não raro deparamos com situações em que nenhuma carência, porventura até uma ainda maior opulência, é possível detectar. No contexto ideológico actual, contudo, qualquer reparo em contrário ou simples estranheza pela magnitude das disparidades, corre de imediato o risco de ser apodado de demagógico e populista. Ou arrasado com o argumento, sempre eficaz, de se tratar da velha e fatal pecha nacional (!), desse tão mesquinho sentimento atávico da inveja pelo sucesso alheio (!!!).


A continuidade deste processo de acumulação, através da brutal transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos – que, no quadro desta globalização, se afigura difícil de inverter – tem como consequência lógica inevitável (nunca a palavra foi empregue com tanta propriedade!) debilitar a coesão social e abalar os fundamentos da democracia.

(...)

sábado, 9 de abril de 2011

Sobre a crise do trabalho – I

O discurso das ‘inevitabilidades’


Os últimos tempos têm sido particularmente pródigos em factos e acontecimentos mediáticos, autêntico maná para a instalada e sôfrega tribo de analistas e comentadores. Tanto a nível interno – da demissão de Sócrates e subsequente intervenção externa (com a continuada destruição do Estado Social) ao regresso em força do poder das corporações (as ‘várias’ da justiça, a dos militares, a dos professores,...) – como no plano internacional – do imparável descalabro do ‘euro’ (a Grécia funcionou aqui como o Lehmann no desencadear da crise) à imposição à bomba do ‘dogma’ (!) da democracia pelo instalado poder global neoliberal (porquê (só) a Líbia?... então e o Darfur?).


Por mim, dou em tentar alhear-me dos circunstancialismos da conjuntura (por mais importantes que sejam os factos nela ocorridos) para me fixar sobretudo nos aspectos que considero decisivos para o futuro das pessoas e das sociedades onde estas vivem. Dou comigo a pensar, desta feita, nesse estranho mas exemplar fenómeno (porventura natural para a maioria) dos ‘working richs’ (WR). O termo retiro-o da leitura de um pequeno texto (‘Globalização, o pior está para vir’), o conceito há muito que o adoptei e o tenho abordado: a par da extrema precariedade laboral e do crescente desemprego, há quadros que auferem salários obscenos (o mercado assim o exige, dizem), muitos deles, não por acaso, ligados ao descalabro financeiro que provocou a crise global.


Na verdade já não é a primeira vez que aqui trago o tema, ele impõe-se sobre os restantes aspectos da política actual pelo drama que constitui para uma massa crescente de pessoas, a exclusão do direito ao trabalho. Ademais, a lógica instituída que determina a selecção dos que logram obtê-lo, parece querer transmitir aos excluídos – na melhor tradição da tese calvinista da predestinação, que se diz ser uma das origens do ‘espírito’ do capitalismo (?) – o anátema da culpa, de lhes fazer crer serem eles próprios os responsáveis por tal situação, pela preguiça ou falta de ambição que demonstram. E se a alguns é possível apontar o dedo, a esmagadora maioria pura e simplesmente vê-se dele arredado com base apenas na lógica imposta pela doutrina liberal dominante.


Porque o principal efeito do avassalador domínio neoliberal dos últimos 30 anos não se encontra na área económica, mas na social. Mas apesar das convulsões em torno da crise actual apontarem já claramente responsabilidades, o férreo controle ideológico e político da economia mostra não ser ainda o momento de se proceder ao balanço económico destes anos e, sobretudo, do rasto que vai deixar para o futuro (da sustentação ambiental às sequelas psíquicas). Porque, afinal, além dos efeitos na economia, o maior impacto dos cânones liberais revela-se a nível das alterações na estrutura social (na terminologia do sistema, a nível da ‘mobilidade social das escalas de estratificação’).


Acentuam-se cada vez mais as clivagens dentro das sociedades, tanto a nível nacional como mundial, por efeito de uma globalização sem controle político. Logo ressurgem, em tempos de crise (como agora), apelos de pendor nacionalista. ‘Todos devem contribuir para resolver a crise’, ‘a austeridade toca a todos’,... não passam, porém, de slogans agitados com o fim de arregimentar vontades em prol de um suposto esforço colectivo exigido pelos desequilíbrios das contas externas, servem apenas para esconder realidades sociais muito díspares e justificar a aplicação indistinta de uma política de extorsão social.


Um mínimo de objectividade, histórica e sociológica, implica a rejeição de tal discurso assente num pretenso destino colectivo dos povos ou nações: apelar a uma amalgamada identidade cultural visa apenas justificar as desigualdades interclassistas (tidas como naturais e inevitáveis) e a indiscriminada repartição da austeridade. Serve para, de forma obscena e ultrajante, empanturrados comentadores imporem a ideia de que as dificuldades tocam a todos por igual, que se torna inevitável aceitar-se mais austeridade.


Pondo de lado atavismos deslocados, resta-lhes então o recurso à tese da predestinação: para uns, o anátema da azelhice culpada; aos afortunados eleitos – os 'WR', como se verá – a glória dos proveitos arrecadados! Para maior honra e louvor desta ‘globalização feliz’!


(...)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A(s) dinâmica(s) do sistema ...


Entre quem nos governa e quem governa os bancos ... pois que venha o diabo e escolha:
 
 Fernando Ulrich
29 Outubro - "Entrada do FMI em Portugal representa perda de credibilidade"
26 Janeiro - "Portugal não precisa do FMI"
31 Março - "Por que é que Portugal não recorreu há mais tempo ao FMI?"
 
 Santos Ferreira
12 Janeiro - "Portugal deve evitar o FMI"
2 Fevereiro - "Portugal deve fazer tudo para evitar recorrer ao FMI"
4 Abril - "Ajuda externa é urgente e deve pedir-se já"
 
 Ricardo Salgado
25 Janeiro - "Não recomendo o FMI para Portugal"
29 Março - "Portugal pode evitar o FMI"
5 Abril - "É urgente pedir apoio... já"


Eis a dinâmica do sistema - conluio premeditado e programado pela banca - cujas consequências estão à vista e, tanto quanto (me) parece, não se podem contestar (???)...
Será que, ainda assim, há quem acredite que não existe conluio e premeditação em toda esta "encenação" ?
E, ainda, haverá quem tenha dúvidas que quem "paga(rá)" serão as vítimas do costume ?..

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Portugal Agrilhoado


Trata-se de um livro, mais um livro, do Professor Francisco Louçã.
Desta feita, aborda a crise; esta crise que nos assola, a todos...
E, nestes tempos que correm, é mais que oportuno para nos obrigar a pensar que esta crise - ao contrário do que (nos) querem fazer crer - não é necessariamente uma inevitabilidade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eu é que sei como ficavas melhor, oh Sócrates ...


Momentos antes de comunicar ao País que este iria ficar ainda mais agrilhoado, eis que o "engenheiro", pedante e vaidoso, estava era preocupado, isso sim, com a sua imagem ...
Eu é que sei como ficavas melhor, oh Sócrates ...

Chantagem ou Democracia ?..

sexta-feira, 1 de abril de 2011